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Cerrado: mais de 6,9 mil hectares do bioma foram queimados no DF até agosto

Dia Nacional do Cerrado, em 11 de Setembro, é marcado pelo fogo no bioma chamado de savana brasileira. Segundo bombeiros, neste ano foram 3.912 ocorrências de incêndios florestais.

Bombeiros entram em área de Cerrado para combater fogo que se alastra na temporada de seca — Foto: Corpo de Bombeiros do DF/ Divulgação

Muito além dos famosos ipês, o Cerrado tem características que diferenciam o bioma considerado a savana brasileira. As árvores tortuosas e o fato dele ocupar 22% do território nacional são algumas delas.

Mas, em 11 de setembro – data que é comemorado o Dia Nacional do Cerrado – o “aniversário” terá a marca do fogo. Neste ano, entre janeiro e agosto, foram registrados 21.460 focos de queimadas no Cerrado, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Apenas no DF, segundo o Corpo de Bombeiros, foram incendiados mais de 6,9 mil hectares de Cerrado e registradas 3.912 ocorrências de incêndios florestais.

Focos de queimadas no Cerrado

Ano Total
2010 133.394
2011 61.682
2012 90.600
2013 44.017
2014 65.871
2015 75.094
2016 58.833
2017 66.762
2018 39.449
2019 63.874
2020 21.460

Queimadas naturais x queimadas criminosas

André Cunha, professor e pesquisador de ecologia e turismo da Universidade de Brasília (UnB), explica que a incidência de fogo no Cerrado “é um evento natural que evoluiu junto com o bioma há centenas de milhares de anos”. Segundo ele, no fim da temporada de chuvas – e também no início dela – muitas queimadas são provocadas pela queda de raios.

Mas o pesquisador aponta que as queimadas naturais não são tão severas quanto as queimadas criminosas. “As naturais ocorrem quando a umidade nas plantas ajuda a diminuir o alcance do fogo”, diz Cunha.

“Já as labaredas provocadas pelo homem, além de devastar a fauna e a flora, afetam o turismo e o comércio local, assim como a saúde da população”, explica o pesquisador.

Um futuro diferente

Apesar dos dados preocupantes, a preservação do bioma pode ter um futuro diferente. Pelo menos este é o objetivo do cientista social Jefferson Sooma, de 44 anos. Ele acredita que o ser humano pode ajudar a reflorestar áreas degradadas.

Jefferson saiu de Santo André, em São Paulo, para morar em Brasília, há 11 anos. Na terra seca do planalto central, ele decidiu viver na Área de Proteção Ambiental (APA) da Cafuringa, que fica a 50 quilômetros do centro da capital federal.

“A vinda da minha filha Iara, nove anos atrás, motivou a gente a buscar novas alternativas”, explica.

A família ajudou a criar uma ecovila. Nessas comunidades, os moradores se comprometem a provocar o menor impacto ecológico possível em um ambiente social. Há, por exemplo, produção local e orgânica de alimentos, utilização de energias renováveis e construções com material de baixo impacto ambiental.

Aecovila Grande Mãe, na APA da Cafuringa, “foi uma transformação”, diz Jefferson. O cientista social lembra que, junto com a esposa, encontrou um grande campo aberto, que antes era usado como pasto.

“Quando chegamos não tinha estrada, eletricidade, água e nem banheiro. Então, a gente teve que construir tudo”, conta.

Ao longo do tempo, o casal construiu não apenas a casa, mas transformou o quintal em floresta.

Área de Proteção Ambiental (APA) da Cafuringa, no DF — Foto: Arquivo pessoal

Área de Proteção Ambiental (APA) da Cafuringa, no DF — Foto: Arquivo pessoal

O nome Cafuringa e o cuidado com a natureza

“Cafuringa”, o nome dado a APA onde Jefferson mora, significa “terra de pouco valor ou muito acidentada”. A região foi batizada assim por causa da crença de que o local – como quase todo Cerrado – não possui terras férteis.

O antigo morador da região metropolitana de São Paulo diz que tem, como missão, preservar e conservar o Cerrado a partir da produção de água. Ele começou plantando espécies da flora local e adotou um estilo de vida que não causa impactos ao meio ambiente.

“A gente aprendeu que o ser humano também tem potencial de regeneração. Ele não é só capaz de destruir, ele também é capaz de refazer”, diz o cientista social.

A resposta do Cerrado, veio. O sustento da família, hoje, sai do solo, ainda considerado árido e infértil por muitos. Jefferson e a esposa são responsáveis por administrar um clube de compras que coleta e entrega produtos orgânicos cultivados por moradores da APA da Cafuringa.

Aniversário do Cerrado reúne UnB, WWF e Greenpeace

Também na busca por um futuro diferente, o Instituto Cerrados promove o projeto “Elos do Cerrado” durante o mês de setembro. O evento vai reunir representantes da Universidade de Brasília (UnB) e das ONGs World Wide Fund for Nature (WWF) e Greenpeace em debates, pela internet, sobre a conservação do bioma.

O projeto também terá, até o dia 11 de setembro, uma exposição virtual que mostra as consequências do desmatamento e os casos de sucesso na preservação. Para acessar a programação completa, é preciso fazer um cadastro no site do evento.

O “Elos do Cerrado” é realizado pelo Instituto Cerrados em parceria com as seguintes instituições:

  • Embaixada da França
  • Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF)
  • Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB)
  • Nature and Culture International (NCI)
  • Instituto Sociedade População Natureza (ISPN)
  • WWF-Brasil, Greenpeace Brasil
  • Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)
  • Conservation Strategy Fund (CSF)
  • Rede Cerrado
  • Fundação Mais Cerrado
  • Aliança Francesa de Brasília
  • Filhos da Nação/Onda SUP
  • Coletivo 105
  • Ilha Design
  • Free Pass Idiomas
  • Ápice Contabilidade
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