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Carro flex completa 20 anos impulsionado pela produção de etanol

O etanol evita a importação de cerca de 23 bilhões de litros de gasolina e uma evasão de divisas da ordem de US$ 13 bilhões anualmente, segundo a UNICA

(Divulgação/Divulgação)

Era 2003 e o Brasil noticiava a inauguração do carro flex, dando poder de escolha ao consumidor para escolher qual combustível colocar em seu veículo. Através de um cálculo em que o etanol precisa custar 70% do preço da gasolina para ser competitivo, o carro que roda a combustível proveniente da cana-de-açúcar ou do milho contribui com a agenda de descarbonização da matriz energética e ainda incentiva a economia de baixo carbono na sociedade.

Luís Roberto Pogetti, chairman da Copersucar, lembra que o etanol nasceu como uma resposta do Brasil à dependência e crise do petróleo dos anos 70, mas só era possível usá-lo em carros específicos.“Há 20 anos, o conceito foi ampliado para o carro flex, e permitiu o arbítrio para avaliação de custo, eficiência de motor e eficiência também energética e questão de emissão de carbono. Esse ciclo do carro flex é um capítulo de modernidade da histórica”, diz.

Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que, em fevereiro, o Brasil atingiu a marca de 40 milhões de automóveis flex produzidos e comercializados, o que representa 85% da frota de veículos leves circulante no país.

Uma frota majoritariamente flex, com incentivo ao etanol, tem reflexos diretos na economia do País. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) aponta que o uso de etanol anidro e hidratado substitui e evita a importação de cerca de 23 bilhões de litros de gasolina e uma evasão de divisas da ordem de US $13 bilhões.

“Ao longo dos últimos 20 anos com o carro flex, foi evitado o lançamento de 620 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Para absorver essa quantidade de carbono seria preciso ter plantado, em 2003, 4,3 bilhões de árvores”, comenta Pogetti.

Carro elétrico ou flex?

Na visão de Pogetti, da Copersucar, o mundo tem um grande desafio de disponibilidade de energia para mobilidade e que seja, preferencialmente, baixa emissora de carbono. Neste sentido, o etanol é completamente competitivo a outras soluções, como ao carro elétrico e a bateria. No entanto, ele enxerga que o futuro das fontes de energia dependerá das características de cada região.

“Algumas montadoras relevantes enxergaram que não faz sentido impor só uma solução tecnológica para o mundo inteiro. Então elas estão trabalhando para ter um conjunto de alternativas para atender ao mundo. Vai ter carro a bateria para atender países da Europa, Estados Unidos, mas para atender Brasil e Índia, o carro a bateria não vai ser o melhor produto a ser vendido porque temos disponibilidade de etanol”, afirma Pogetti.

Na Europa, segundo ele, há um incentivo fiscal entre 7 e 9 mil euros para viabilizar o carro a bateria elétrica, diferentemente do Brasil, onde um modelo elétrico custa em média R$ 150 mil. “E mesmo a bateria, você precisa pensar no descarte correto. Ela é 40% do veículo em tempo de vida de cinco anos, isso não se sustenta. Além de manter uma dependência por minerais, trocando o petróleo pelo níquel”, diz o chairman da Copersucar.

Ele avalia o cenário de crise energética como uma oportunidade para “difundir a indústria do etanol no mundo”, viabilizando carros flex para além do Brasil e Estados Unidos, via etanol de cana-de-açúcar e milho. Como exemplo, cita o programa de etanol desenvolvido na Índia. “Estão antecipando a obrigatoriedade de 20% do etanol na composição do combustível e discutindo o carro flex baseado no Brasil”, afirma.

Carros híbridos a etanol

O carro híbrido também pode ser um passo de evolução do ponto de vista de eficiência energética e de emissão carbono.

O carro híbrido tem duas motorizações: continua a combustão e tem uma bateria de menor porte. Esta bateria se autocarrega com a movimentação do carro, a frenagem gera energia coletada e carrega a bateria. Este é o híbrido puro, então a ambição seria abastecer com etanol e o automóvel rodar com o mix com combustão ou bateria, ambos a energia renovável.

“No modelo brasileiro, faz sentido manter a combustão caminhando para um carro híbrido, como da Toyota. E, num horizonte mais longo, investir em uma tecnologia chamada de célula de combustível, movido a hidrogênio verde. Só que em vez de abastecer com hidrogênio, você abastece com etanol e um transformador no carro tiraria o hidrogênio da composição atômica do etanol”, diz o chairman da Copersucar.

Qual a diferença entre etanol anidro e hidratado?

No caso do etanol anidro, ele é chamado assim porque é composto em média por 99,3% de etanol puro, praticamente sem água. É o etanol anidro que é comercializado para as distribuidoras de combustível para ser adicionado à gasolina, atualmente na proporção de 27%, segundo acordo com o governo brasileiro.

Já o etanol hidratado tem na composição até 7,5% de água e é vendido para as distribuidoras que comercializam para os consumidores, diretamente nos postos de combustíveis. Pode ser utilizado puro, ou misturado em qualquer proporção com a gasolina nos carros flex.

“A evolução do próprio etanol pode proporcionar um novo salto na qualidade dos veículos flex. Nosso etanol ainda tem 7% de água, o que reduz a eficiência do motor”, pondera a Anfavea em nota.

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