Labrador Romeu foi treinado para farejar alimentos e plantas em aeroportos
O primeiro cão do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) está trabalhando em caráter experimental na fiscalização agropecuária no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitscheck, em Brasília. Com faro apurado, o labrador Romeu ajuda a evitar a entrada no país de produtos, subprodutos, derivados e partes de animais e vegetais que possam transmitir pragas e doenças, principalmente por vias ilegais.
“A chegada desse cão veio em momento oportuno para garantir seu treinamento em tempo hábil para atuar nos Jogos Olímpicos Rio 2016, quando haverá um grande afluxo de turistas procedentes do exterior. São países com as mais diversas situações sanitárias e fitossanitárias, o que aumentará sobremaneira o risco de introdução no país de pragas de vegetais e doenças de animais”, diz a fiscal federal Diana Côrtes, que trabalha no projeto piloto de cães de detecção do Mapa.
O cão está participando da fiscalização agropecuária em caráter experimental desde o início deste ano. A previsão é que em março o projeto comece oficialmente. Neste mês, Romeu ganhou uma companheira de trabalho. O nome da cadela, também uma labradora, é Jazz. Ela tem dois anos e está sendo treinada para começar a trabalhar em alguns meses.
O uso de cães como ferramenta de detecção de objetos, substâncias entorpecentes, explosivos e de resgate de pessoas é reconhecido em todo o mundo. Países como os Estados Unidos, Chile, México, Austrália, Nova Zelândia já utilizam, com sucesso, esses animais durante a fiscalização agropecuária.
“Os cães farejadores se mostram eficientes na inspeção de bagagens de passageiros nos principais pontos de ingresso no país, como portos, aeroportos e fronteiras. Além disso, eles contribuem para melhorar a imagem das instituições que os utilizam por terem forte apelo carismático junto à população”, ressalta Diana.
Bagagens e produtos
O animal é treinado para farejar bagagens acompanhadas ou desacompanhadas no desembarque internacional do aeroporto e os mais diversos odores de produtos agropecuários. Segundo Diana, Romeu começa a farejar quatro odores básicos que vão sendo expandidos ao longo da vida do animal.
O material apreendido pelo cão é inutilizado na frente do proprietário e vai para incineração. O Vigiagro apreende 150 toneladas de produtos agropecuários por ano no país.
“Já verificamos em produtos apreendidos pelo Vigiagro a presença de M. bovis e Brucella, dois agentes causadores de zoonoses graves no homem, como tuberculose e brucelose”, assinala Diana. A fiscal lembra também do caso da peste suína africana, que chegou ao país através da refeição de bordo de avião. Os restos de comida eram entregues a um produtor de suínos. E assim a peste se disseminou no país.
Faro e carisma
A raça labrador retriever foi escolhida pelo faro apurado e por apresentar aparência amigável, característica fundamental em ambientes movimentados, como um terminal internacional de passageiros. Durante o trabalho, o cão é acompanhado o tempo inteiro pelo fiscal agropecuário Márcio Micheletti. “Fiz várias capacitações no Exército e Receit a Federal para aprender a treinar e a conduzir o Romeu”, conta. Ele é o primeiro fiscal do país a atuar dessa forma na fiscalização agropecuária.
O primeiro cão de detecção do Mapa foi treinado pelo médico veterinário Gustavo Jantorno. O projeto foi desenvolvido em parceira com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA-Brasil), Universidade Federal de Brasília e governo do Chile, além da Receita Federal da Polícia do Exército.
O plano estratégico do Grupo de Trabalho de Cães de Faro, estabelecido pela Portaria nº 364/2014 da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), prevê a distribuição de 14 equipes formadas por um cão e seu condutor para 11 unidades do Vigiagro ao longo dos próximos quatro anos, em diversos aeroportos do país.