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Cálcio é encontrado em área cerebral incomum em bebês com microcefalia

Pesquisadores de PE analisaram exames de 23 bebês atendidos na AACD. Estudo foi publicado no periódico British Medical Journal no dia 13 de abril.

Um bebê com menos de 3 meses que nasceu com microcefalia é examinado por um neurologista do hospital Pedro I, em Campina Grande, na Paraíba (Foto: Felipe Dana/AP)
Um bebê com menos de 3 meses que nasceu com microcefalia é examinado por um neurologista do hospital Pedro I, em Campina Grande, na Paraíba (Foto: Felipe Dana/AP)

 

Pesquisadores pernambucanos identificaram cálcio em uma localização não usual no cérebro de bebês com microcefalia cujas mães possivelmente contraíram o vírus zika na gravidez. Após a análise de exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética de 23 bebês atendidos pela unidade da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) no Recife, em todos eles a calcificação foi identificada em uma área cerebral menos frequente da verificada nos casos em que a microcefalia é causada por outras infecções congênitas.

O estudo revela que todos os bebês cujos exames foram analisados tinham calcificações – pequenas e múltiplas cicatrizes graves nas quais o cálcio se depositã – na mesma localização não usual: a junção entre o córtex e a substância branca subcortical. Além disso, a pesquisa identificou múltiplas malformações cerebrais dos bebês mais comprometidos pela doença, entre elas um predomínio do espessamento do córtex na parte anterior do cérebro.

 Escrito por professores de três instituições de ensino superior de Pernambuco (UFPE, UPE e Uninassau) e pesquisadores vinculados à AACD e ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), o artigo foi publicado no periódico British Medical Journal no dia 13 de abril.

“Revimos todos os exames tentando identificar quais eram as alterações frequentes nesses bebês para tentar verificar se existia um padrão. Os resultados desse estudo descritivo podem ajudar os médicos ao sugerir um padrão de achados radiológicos que pode dar suporte ao diagnóstico clínico da microcefalia associada à zika, uma vez que ainda não existe um teste específico para esse vírus”, explica a primeira autora do artigo, a neurorradiologista Maria de Fátima Vasco Aragão.

Outro diferencial da pesquisa é ter analisado as ressonâncias magnéticas dos bebês, que nasceram entre julho e dezembro do ano passado. “Esses exames possuem uma melhor resolução de imagem, ajudando a detalhar as anormalidades encontradas nos bebês”, complementa a pesquisadora.

Dados da microcefalia no estado
Pernambuco já soma 1.849 casos notificados de microcefalia e 312 casos confirmados da malformação congênita, desde o dia 1º de agosto de 2015 até 2 de abril de 2016. Do total de casos confirmados, 146 foram relacionados ao zika vírus por meio de critérios laboratoriais, segundo o boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde no dia 13 de abril. Em fevereiro, o número de casos de microcefalia associados à doença era de apenas 12, o que representa um aumento de mais de 1.000% da estatística de casos da malformação congênita relacionada à zika em cerca de dois meses.

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