O fim das barragens de resíduos em até dez anos e a definição do valor para o pagamento de indenizações também farão parte do relatório
Quase seis meses após a tragédia de Brumadinho, que tirou a vida de pelo menos 246 pessoas, além de 24 que seguem desaparecidas, o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o rompimento da barragem da mineradora Vale em Minas Gerais será apresentado nesta terça-feira, 2, e pedirá o indiciamento de pelo menos 14 pessoas.
Segundo declarações do Senador Carlos Viana (PSD-MG), que apresentará a versão final do relatório da CPI, entre os nomes dos que podem ser indiciados pela tragédia estão executivos da Vale que eram responsáveis pela Mina Córrego do Feijão na época do rompimento, no último 25 de janeiro.
O fim das barragens de resíduos em um prazo de até dez anos e a definição do valor para o pagamento de indenizações para vítimas da tragédia e seus familiares também deve fazer parte do relatório, que tem votação prevista para 9 de julho.
Uma segunda parte do parecer irá sugerir a votação de três projetos de lei que tratam de crimes ambientais, da segurança de barragens de rejeitos e da tributação da exploração de minérios no país. No final do mês passado, a câmara dos deputados aprovou um projeto que tipifica o crime de “ecocídio” e a conduta responsável por desastre relacionado a rompimentos em barragens. A proposta, que que ainda passará pelo Senado, prevê a tipificação desse crime quando houver desastre ecológico que resulte em “destruição significativa da flora ou mortandade de animais”, segundo o texto.
Em mais um passo na tentativa de remediar os estragos causados pelo rompimento de sua barragem, também no final do último mês, a mineradora Vale anunciou que destinará 1,8 bilhão de reais para obras em Brumadinho até 2023. Desse montante, cerca de 500 milhões de reais deverão ser investidos ainda em 2019. Em nota, a Vale informou que o valor é um adicional ao impacto de 4,5 bilhões de dólares já registrados no balanço do primeiro trimestre deste ano.
Mesmo após a tragédia e depois do prejuízo registrado no primeiro trimestre, especialistas do mercado financeiro continuam enxergando a Vale como um bom negócio. A decisão de alocar todo o prejuízo de Brumadinho em um único trimestre foi bem vista pelo mercado, e as ações da empresa subiram cerca de 2% após o anúncio do último resultado. Se na época da tragédia as ações da Vale despencam a 42 reais, ontem, com o fechamento da bolsa, cada papel custava 51, reais, valor próximo aos 56 reais de antes de Brumadinho.