Em seis meses, a cotação do minério de ferro subiu quase 50%, o que deve engordar o caixa de empresas que exportam minério de ferro, como Vale e CSN
O corte de oferta de minério de ferro decorrente da tragédia de Brumadinho e a demanda chinesa aquecida continuam favorecendo as mineradoras, já que os preços vêm se mantendo nas alturas. A matéria-prima registrou a sexta semana seguida de alta, para 122 dólares a tonelada (62% de referência). Antes do rompimento da barragem da Vale, em 25 de janeiro, a cotação estava em cerca de 74 dólares.
No curto prazo, a expectativa é que os preços do minério de ferro continuem sustentados em níveis mais altos do que os observados até o início deste ano.
“O balanço entre a oferta e a demanda global do insumo se encontra relativamente mais apertado, considerando os problemas de fornecimento dos principais países produtores de minério de alta qualidade, Brasil e Austrália, e a manutenção da demanda aquecida no principal mercado consumidor, a China”, afirma o analista de mineração da Tendências Consultoria, Felipe Beraldi.
Com a tragédia de Brumadinho, a Vale paralisou a produção em algumas de suas operações em Minas Gerais, reduzindo a oferta de minério de ferro e causando preocupação no mercado global. Com isso, os preços dispararam: no início de fevereiro, a cotação já havia ultrapassado 90 dólares a tonelada.
Neste momento de oferta limitada, a demanda da China – que responde pela metade do consumo global – voltou a ficar aquecida: o cenário perfeito para a alta dos preços e para a receita das mineradoras.
As prévias do mercado apontam para um crescimento de até 40% da geração de caixa (Ebitda) da Vale no segundo trimestre sobre um ano antes, para quase 6 bilhões de reais, devido à alta galopante dos preços do minério de ferro – apesar da queda de vendas físicas decorrente da tragédia em Brumadinho.
Já a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) deve compensar o desempenho ruim da siderurgia com a mineração. O braço de minério de ferro da empresa deverá favorecer o Ebitda consolidado do segundo trimestre, para cerca de 2,1 bilhões de reais, alta de quase 70% sobre o registrado em igual período de 2018.
Desaceleração
Além da perspectiva de algum arrefecimento da demanda chinesa ao longo do segundo semestre, o mercado trabalha com a possibilidade de normalização parcial dos embarques australianos e brasileiros de minério de ferro, especialmente com a recuperação dos volumes produzidos na região de Carajás, no Pará.
“Os preços do minério de ferro devem voltar a apresentar tendência de queda, na margem, frente aos elevados níveis atuais”, pondera Beraldi.
Segundo a Tendências Consultoria, o preço médio do minério de ferro deve ficar na casa dos 93,1 dólares por tonelada em 2019, alta de 40% sobre o registrado no ano passado.