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Brasil terá pico de população em 2043 mas encolherá até 2100, diz estudo

Estudo publicado na The Lancet prevê que o país vai chegar aos 235 milhões de habitantes em 2043; China passaria a perder população já em 2024

Multidão: até o fim do ano, teremos consumido 1,7 planeta Terra. (Salvator Barki/Getty Images)

A população do Brasil atingirá seu pico no ano de 2043, de acordo com um estudo da escola de medicina da Universidade de Washington publicado nesta terça-feira, 14, pela The Lancet, uma das revistas científicas mais prestigiadas do mundo.

O país, que registrou 211 milhões de habitantes em 2017, chegaria aos 235 milhões em 2043 para então passar a cair e chegar aos 164 milhões no cenário-base desenhado para o ano de 2100.

As projeções foram feitas para 195 países com base em fatores como fertilidade, mortalidade e imigração. O desafio foi calcular a velocidade em que ocorre a transição demográfica, fenômeno pelo qual sociedades com alta mortalidade e fertilidade passam a ter baixa mortalidade e fertilidade.

Isso acontece na esteira de melhoras de saúde e maior inclusão educacional e laboral das mulheres, assim como acesso a contraceptivos. Combinados, os fatores tendem a adiar o momento do casamento e dos filhos.

O Brasil é um exemplo de transição demográfica acelerada: de uma média de seis filhos por mulher, nos anos 1960, foi para uma taxa hoje próxima de 1,7. A taxa de manutenção da população é, grosso modo, de dois filhos por mulher; abaixo disso, a população tende a cair, caso não seja compensada por imigrantes.

Mundo

Globalmente, a população de 7,6 bilhões registrada em 2017 subiria até um pico de 9,73 bilhões em 2043 para depois cair a 8,7 bilhões em 2100 no cenário de referência.

Pelos mesmos cálculos, 23 países incluindo Tailândia e Espanha, têm previsão de quedas de população maiores do que 50% no período. Já outros como Japão, Grécia, Itália e Portugal deixaram seu pico populacional para trás e já estão em queda.

A China, hoje o país mais populoso do mundo com quase 1,4 bilhão de habitantes, atingiria o pico de população em breve, daqui quatro anos, para depois perder 48% da população até 2100. Já a Índia, segundo país mais populoso do mundo, cresceria até o ponto de 1,6 bilhão de habitantes em 2048.

Alguns países com taxas de fertilidade abaixo daquela necessária para reposição, segundo o estudo, vão compensar as perdas por meio de uma maior imigração líquida. É o caso de Estados Unidos, Austrália e Canadá.

E há países que seguem crescendo em população de forma orgânica até pelo menos 2100, como muitos da Ásia Central e da África subsaariana. Isso criaria novas potências populacionais como a Nigéria, que iria de 206 milhões de habitantes hoje para 790 milhões daqui 80 anos.

A pirâmide etária do planeta também deve mudar radicalmente: a projeção é que o número de crianças abaixo dos 5 anos cairia de 681 milhões em 2017 para 401 milhões em 2100, enquanto o número de idosos acima dos 80 anos iria de 141 milhões em 2017 para 866 milhões em 2100.

 

Consequências

O menor crescimento populacional tem um lado positivo: coloca menos pressão sobre recursos naturais, e portanto sobre o aquecimento global, e reduz a necessidade de terras para produção de alimentos.

O lado negativo é que o menor crescimento populacional deve se traduzir em um crescimento econômico mais lento, pois os mais velhos tendem a produzir menos inovação e consumir menos bens duráveis do que os mais jovens.

Além disso, o envelhecimento gera uma pressão crescente sobre os sistemas de proteção social e Previdência, construídos e sustentados na atual estruturas etária e de mercados de trabalho.

O estudo cita o risco de que, diantes desse desafio, alguns países considerem adotar políticas que restrinjam o acesso das mulheres a seus direitos reprodutivos, e que há outros caminhos.

Eles passam por dar apoio econômico e social para que as mulheres possam ter filhos sem que isso implique perdas para sua carreira, assim como incluir produtivamente todas as faixas etárias.

O incentivo à imigração para países atrativos também pode ser uma saída e é defendido pela imensa maioria dos economistas, mas também enfrenta resistência política.

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