No primeiro mês do ano, as exportações caíram 20,2% na comparação com igual período de 2019
Brasília — O Brasil teve déficit comercial de 1,745 bilhão de dólares em janeiro, pior dado para o mês em cinco anos, afetado pela forte queda nas exportações, divulgou o Ministério da Economia nesta segunda-feira.
O resultado também foi o primeiro no vermelho para o período desde janeiro de 2015 (-3,185 bilhões de dólares), e frustrou projeção de um superávit de 100 milhões de dólares, conforme pesquisa Reuters com analistas.
No primeiro mês do ano, as exportações caíram 20,2% na comparação com igual período do ano passado, pela média diária, a 14,430 bilhões de dólares.
Em apresentação, o Ministério da Economia afirmou que a redução ocorreu principalmente pela queda de 1,3 bilhão de dólares na comercialização de plataformas de petróleo.
Também pesaram na conta o recuo na venda de petróleo em bruto (-592 milhões de dólares), num ambiente “de fraca demanda mundial e cotações em baixa”, e de pastas químicas de madeira (-445 milhões de dólares), em função dos baixos preços praticados e menores volumes embarcados.
Já as importações recuaram num ritmo bem mais modesto, de 1,3% na mesma base de comparação, a 16,175 bilhões de dólares.
Sobre janeiro de 2019, caíram as importações nas categorias de combustíveis e lubrificantes e de bens intermediários, com retrações de 15,3% e 3,4%, respectivamente. Em contrapartida, aumentaram as compras de bens de consumo (+6,9%) e de bens de capital (+6,6%).
O Ministério da Economia ainda não divulgou suas expectativas para a balança comercial em 2020, mas já indicou que a perspectiva para o saldo das trocas comerciais é de piora em relação ao superávit de 46,674 bilhões de dólares de 2019 pela melhoria esperada para a economia brasileira, o que tende a aumentar a demanda por importações.
O Banco Central, por sua vez, prevê um superávit comercial de 32 bilhões de dólares em 2020, estimativa que foi feita em dezembro e que ainda não considerou fatores que podem afetar negativamente as exportações brasileiras, pressionando ainda mais o resultado da balança comercial.
Entram nesse grupo os temores de que o coronavírus impacte a economia global e o desenrolar efetivo da Fase 1 do acordo comercial entre Estados Unidos e China, que pode recolocar os norte-americanos como grandes competidores do Brasil na venda de soja aos chineses.