Presidente diz que Forças Armadas precisam estar reparadas para manifestações como as do Chile. E ameaça isolar Argentina no Mercosul, se esquerda ganhar eleições
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (23/10), no Japão, que as Forças Armadas estão preparadas para conter manifestações nas ruas no Brasil. “Conversei com o ministro da Defesa sobre a possibilidade de ter movimentos como tivemos no passado, parecidos com o que está acontecendo no Chile. A gente se prepara para usar o artigo 142 (da Constituição), que é pela manutenção da lei e da ordem, caso elas (Forças Armadas) venham a ser convocadas por um dos três Poderes”, disse Bolsonaro. “Temos que ter a capacidade de nos antecipar a problemas”, acrescentou.
Antes de embarcar para o Peru, Hamilton Mourão comentou o assunto: “Não tenho as informações que o presidente tem para ele já ter emitido essa ordem de alerta para o ministro da Defesa. Nós discutimos por muito tempo a questão da lei antiterrorismo. A nossa lei é um pouco branda. Temos assistido a atos cometidos por organizações ligadas ao narcotráfico, a gente já viu isso em capitais como Fortaleza, São Paulo. É um ato de terrorismo se for levar para esse lado”, disse.
A preocupação entre interlocutores palacianos está relacionada a possíveis confrontos violentos provocados pela polarização política no país. O temor é de que o resultado do julgamento sobre a prisão em segunda instância no Supremo Tribunal Federal (STF) possa ser o barril de pólvora de manifestações de apoiadores da Lava-Jato e do governo Bolsonaro.
Argentina
Bolsonaro afirmou ainda que, uma vitória da chapa de esquerda formada por Alberto Fernandez e Cristina Kirchner nas eleições presidenciais argentinas pode colocar em risco o Mercosul. Nesse caso, disse, o Brasil poderia isolar a Argentina no bloco em uma ação coordenada com o Uruguai e Paraguai. “Sabemos que a volta da turma do Foro de São Paulo, da Cristina Kirchner, pode, sim, colocar em risco todo o Mercosul. E temos que ter uma alternativa no bolso”, destacou.
No último dia no Japão, Bolsonaro se encontrou com empresários e reuniu-se com o primeiro-ministro, Shinzo Abe. O presidente afirmou que foi dado “mais um passo” para viabilizar o acordo comercial entre o Mercosul e o Japão, que começará a ser negociado em novembro, quando o mandatário japonês virá ao Brasil. O chefe do Executivo ainda se reuniu por cerca de meia hora com o príncipe de Gales, Charles. Um dos assuntos discutidos foi o desenvolvimento da Amazônia. Hoje, a comitiva presidencial partirá para a China, depois seguirá para Emirados Árabes, Catar e Arábia Saudita.