Em pronunciamento na Casa Branca, presidente americano faz alerta contra qualquer outra ‘parte hostil’ que busque ‘tirar vantagem’ de ataques sem precedentes do Hamas contra o território israelense
Em um pronunciamento na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reafirmou o apoio “sólido e inabalável’ a Israel, em meio ao ataque sem precedentes do grupo palestino Hamas, neste sábado. Ao lado do secretário de Estado, Antony Blinken, Biden repetiu o teor da nota divulgada mais cedo, em que prometeu que o aliado terá “a ajuda que seus cidadãos precisam para continuarem a se defender” e fez um alerta a “qualquer outra parte hostil à Israel” buscando “explorar estes ataques para tirar vantagem”
— Nas ruas, em suas casas, pessoas inocentes assassinadas, feridas. Famílias inteiras feitas reféns pelo Hamas (…) Quando eu falei com o primeiro ministro [Benjamin] Netanyahu esta manhã, eu disse a ele que os EUA estão ao lado do povo de Israel diante desses ataques terroristas. Israel tem o direito de se defender e a seu povo — disse Biden.
No curto pronunciamento, Biden também mandou um recado aparentemente direcionado a grupos e Estados que mantém relações próximas com o Hamas, entre eles o Irã e o Hezbollah, a organização militante xiita libanesa que travou uma guerra com Israel em 2006.
— Deixe-me dizer isso o mais claro possível: esse não é o momento de nenhuma parte hostil a Israel explorar estes ataques para tirar vantagem — alertou.
Biden disse que também esteve em contato, neste sábado, com o rei da Jordânia, Abdullah II, e que pediu a assessores para manter contato com governos na região, citando Egito, Turquia, Catar, Arábia Saudita, Jordânia, Omã, Emirados Árabes Unidos , além dos aliados europeus e da Autoridade Palestina. Ele afirmou, ainda, que orientou os serviços de diplomacia, Forças Armadas e inteligência a trabalharem com seus homólogos israelenses para garantir que Israel “tenha o que precisa”.
Mais cedo, o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, também falou, em nota, em compromisso “inabalável”, e que os EUA vão garantir que Israel tenha “o que precisar para se defender e proteger civis contra a violência indiscriminada e o terrorismo”.
A relação entre a Casa Branca e Israel vem passando por um momento de desgaste, após à guinada à direita do governo de Netanyahu, que provocou uma convulsão social no país, nos últimos meses, ao avançar com uma reforma do Judiciário amplamente considerada antidemocrática. Em um gesto de reaproximação, Biden e Netanyahu tiveram um encontro, em Washington, durante a visita do presidente israelense aos EUA para participar da Assembleia Geral da ONU, no mês passado.
O ataque do Hamas foi repudiado pelos dois lados do campo político americano, com manifestações dos principais pré-candidatos republicanos na corrida pela Casa Branca, incluindo o ex-presidente americano Donald Trump. Trump acusou Biden, que também é o pré-candidato à vaga democrata para concorrer à reeleição em 2024, de ter colaborado para fortalecer o Hamas e viabilizar a ação.
“Tristemente, dólares dos contribuintes americanos ajudaram a financiar esses ataques, que muitos relatos estão dizendo que veio do governo Biden”, disse Trump em um comunicado, sem explicar exatamente ao que se referia, mas outros republicanos atacaram o presidente lembrando o acordo recente com o Irã, para libertar prisioneiros americanos, e que envolveu a liberação de fundos congelados pela Coreia do Sul no total de US$ 6 bilhões, mas que não inclui dinheiro de impostos.
A Casa Branca reagiu aos ataques. A porta-voz do Conselho Nacional de Segurança Adrienne Watson disse que nem um dólar do dinheiro referente ao acordo foi gasto até agora e que o dinheiro “não tem nada a ver com os horríveis ataques hoje”.