Via será totalmente interdita para o tráfego de veículos automotivos.
Ciclista diz que via exclusiva para bikes dá segurança e liga a cidade.
A ciclovia da Avenida Paulista, que será inaugurada no próximo domingo (28), é a mais nova alternativa ao trânsito caótico da via, além de ser uma opção de lazer para os paulistanos que sofrem com a carência de locais públicos na cidade. Para a inauguração, a Paulista será totalmente interditada para o tráfego de veículos a partir das 10h. O bloqueio ocorrerá de acordo com o movimento de ciclistas e pode ir até as 17h.
A via exclusiva para bikes permitirá que os ciclistas compartilhem o espaço com veículos automotivos de forma mais democrática e segura. Nos últimos anos, o local registrou pelo menos duas mortes e um grave acidente envolvendo ciclistas. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), 39 ciclistas foram atropelados na Paulista entre 2005 e 2014.
“A ciclovia é uma obra viária importante para nós e que vai ligar o corredor norte-sul, muitos ciclistas usam a Paulista como passagem. Ela também é importante pela possibilidade da bicicleta transitar em segurança”, afirmou o ciclista Odir Züge Junior, que também é membro do Conselho Municipal de Trânsito.
A construção de ciclovias é uma das principais marcas da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), que pretende entregar 400 km de vias exclusivas para ciclistas até o fim deste ano.
Com 2,7 km de extensão e construída no canteiro central, entre a Praça Oswaldo Cruz e a Rua Angélica, a ciclovia tem 4 metros de largura. A ciclovia foi elevada e fica a uma altura de 18 cm em relação às faixas de rolamento ao seu lado.
Devido ao alargamento do canteiro central, as faixas das duas pistas, tanto no sentido Consolação quanto no sentido Brigadeiro, precisaram ser reajustadas e diminuíram a largura de 3 metros para 2,8 metros. Já a faixa de ônibus, à direita da pista, perdeu 20 centímetros, passando de 3,5 metros para 3,3 metros.
A obra, que durou quase 6 meses, custou R$ 12,2 milhões aos cofres públicos, no trecho entre as Avenida Paulista e Bernardino de Campos, incluindo a instalação de dutos para a passagem de fibra ótica sob a pista. Diferentemente da maioria das ciclovias, que são pintadas com tinta vermelha, a da Paulista é feita com concreto pigmentado com coloração.
Com a implantação da ciclovia, foram retiradas as floreiras e relógios do canteiro central. Alguns relógios devem ser realocados posteriormente nas calçadas. Os pedestres ficarão na ilha de segurança durante a travessia.
“Nós aumentamos o espaço de pedestres no canteiro central. O pedestre tem o tempo semafórico. Se ele ficar no canteiro central, tem uma ilha de segurança que nós aumentamos”, afirmou o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. “Fizemos o recuo para pedestre, para o ciclista, tiramos os relógios por questão de segurança”, disse.
Apesar de elogiar a infraestrutura da ciclovia, o ativista Züge Junior acredita que a via já está saturada. “Eu acho que ela poderia ser mais larga, porque essa estrutura cicloviária da Paulista vai nascer subdimensionada. Eu acredito que daqui a alguns anos vai precisar ser alargada”, declarou.
Acidentes
Em outubro do ano passado, o ciclista Marlon Moreira, de 35 anos, morreu após ser atropelado por um ônibus na Avenida Paulista. Testemunhas relataram à polícia que o ônibus seguia no sentido bairro do corredor exclusivo para ônibus quando o ciclista atravessou na frente do veículo, realizando uma manobra proibida de conversão. A vítima foi socorrida ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu aos ferimentos.
Em março de 2013, o operador de rapel David Santos Sousa, perdeu o braço direito ao ser atropelado na via . O motorista, o estudante de psicologia Alex Kosloff Siwek, jogou o braço de David em um córrego. Um exame clínico feito após o acidente apontou vestígios de álcool no motorista, mas concluiu que ele não estava embriagado no momento da colisão.
Uma ano antes, em março de 2012, uma ciclista profissional de 33 anos também morreu após ser atropelada por um ônibus na Paulista.