Política de juros nos EUA é fundamental para dinâmica de investimentos no mundo, além de mexer em curva futura de juros, inflação e câmbio de outros países
Os olhos do mercado estarão voltados nesta quarta-feira, 19, para a divulgação da ata sobre a última reunião do banco central americano, Federal Reserve (Fed), que aconteceu no dia 29 de julho.
Na ocasião, as taxas de referência entre 0 e 0,25% foram mantidas, e uma alteração não é esperada tão cedo. Mas o documento pode trazer mais clareza sobre as intenções da autoridade monetária para a inflação de longo prazo nos Estados Unidos.
“Tem ficado mais claro que o Fed vai aceitar inflação subindo por mais tempo sem reagir. Na ata de junho eles já haviam apontado que alguns membros do Fomc (sigla em inglês para Comitê Federal de Mercado Aberto), aceitariam inflação acima da meta de 2% no longo prazo por algum tempo, até acomodar bem as expectativas no novo patamar”, diz Arthur Mota, economista da Exame Research.
Num momento de custosa retomada para atividade global, um passo a mais dado pela maior economia do mundo pode significar algum respiro para o resto do globo. “Um aumento da inflação nos EUA nos próximos anos pode representar uma recuperação e nível de atividade forte, o que seria bom para a atividade global”, diz Mota.
Mas o efeito não seria esperado para tão cedo. Antes, os EUA, cuja atividade vem sendo retomada em meio a altos números de novos casos de covid-19 nos estados americanos, precisam encaminhar a crise sanitária.
A trajetória da política de juros do país é fundamental para a dinâmica de investimentos pelo mundo, além de influenciar a curva futura de juros, inflação e câmbio de outros países.
Assim como a inflação, as taxas de juros são historicamente baixas nos Estados Unidos, o que reduz o poder de política monetária diante de choques econômicos, como os trazidos pela pandemia.
Desde que a crise do coronavírus começou, a autoridade cortou a taxa duas vezes, de um limite inferior de 1,5%, a zero. Com pouco espaço monetário, o Fed tentou compensar com uma injeção de liquidez sem precedentes na economia, por meio da compra de títulos públicos.
Na esteira dos sinais da autoridade monetária sobre a economia, mais importante que o Fomc, será a conferência em Jackson Hole, nos dias 27 e 28 de agosto, organizado pelo Fed de Kansas, e reúne os principais acadêmicos e presidentes de Bancos Centrais do planeta.