Em meio ao aumento de produtividade de grãos no Oeste do estado, setor pede apoio para irrigação e armazenagem
Ao longo desta semana aconteceu a Bahia Farm Show, em Luís Eduardo Magalhães (BA), considerada a maior feira de tecnologia agrícola do Norte e Nordeste do país e a terceira maior do Brasil. Na busca pela aproximação com o agronegócio, o presidente Luiz Inácio Lula da Siva participou do evento na terça-feira, 6, falando aos produtores da Bahia — estado no qual o petista recebeu 72% dos votos nas eleições presidenciais.
Lula afirmou que o Plano Safra do ano passado “talvez [tenha sido] o pior da história”. Além disso, falou que os juros para o setor agrícola durante seu governo giravam em torno de 2% e “hoje estão em mais de 13%”. “Quero que comparem nosso governo em dezembro de 2026 com qualquer outro, até com o meu. Eu vim para fazer mais do que eu já fiz, muito mais”, disse.
O setor produtivo realmente espera mais. A Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e a Associação Baiana de Produtores de Algodão, entre outras entidades de classe, já haviam se reunido anteriormente à Bahia Farm Show para levar demandas ao governador Jerônimo Rodrigues (PT), na expectativa de que cheguem ao governo federal.
As condições de solo e clima da região favorecem grãos e fibras, principalmente na região Oeste do estado — a uma distância de mais de 900 quilômetros de Salvador –, devido à extensa bacia hidrográfica sobre o aquífero Urucuia, o que potencializa a irrigação muito praticada na Bahia. Por isso, um dos pedidos do setor é o monitoramento do aquífero para irrigar as safras.
Embora a produtividade do Oeste baiano esteja positiva, há problemas de comercialização e queda acentuada nos preços. Nesse ponto, o risco é a falta de liquidez para honrar compromissos. A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) já havia alertado para este cenário em diferentes regiões do país, e alta na safra de grãos da Bahia pode se traduzir em gargalos de armazenagem.
Produtividade acima da média
A Bahia tem atualmente 2,5 milhões de hectares produtivos, área 5% maior em relação à safra 2021/2022, segundo estimativa da Aiba — entidade que realiza a Bahia Farm Show. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam colheita próxima a oito milhões de toneladas de soja na safra 2022/2023, correspondente a 66% da produção baiana. Algodão, milho e sorgo são as outras culturas que movem agricultura local.
Confirmado o volume, será um acréscimo de 8,6% em relação ao total da safra 2021/22. Já a produtividade no ciclo atual tem estimativa de 67 sacas por hectare, um acréscimo de 4,5% em relação ao ciclo anterior e a melhor média de todo o Brasil.
É na região Oeste onde, atualmente, é cultivada cerca de 99% de toda a soja da Bahia. Essa produção corresponde a 52% do total colhido no Nordeste brasileiro e a aproximadamente 5,1% do volume nacional, segundo a Conab.
Os números superlativos, vindos de um estado com tamanho apoio ao presidente Lula, fizeram da Bahia um local importante para uma tentativa de reaproximação do petista com o agro. Para os produtores, a espera é por soluções e prestígio.