Previsão é que o governo deixe de gastar R$ 50 milhões neste ano com o subsídio ao transporte público. Passagem do metrô
As tarifas do transporte público de Brasília serão ajustadas a partir de domingo (20). Nos ônibus, as passagens, que hoje vão de R$ 1,50 a R$ 3, custarão de R$ 2,25 a R$ 4. Já a tarifa de R$ 3 do metrô passará para R$ 4. Não haverá descontos nos fins de semana e nos feriados. Com o aumento, o governo deixará de gastar, com o setor, cerca de R$ 50 milhões apenas neste ano. Em 2016, a previsão é que essa cifra chegue a, pelo menos, R$ 100 milhões.
As mudanças são reflexo das dificuldades que o governo local enfrenta devido ao rombo deixado pela gestão anterior, agravado pela crise nacional, que também afeta o Distrito Federal. Com o reajuste, a tarifa média — levando em consideração as diferenças no número de passageiros em cada faixa — ficará em R$ 3,41. Atualmente, esse valor é de R$ 2,44.
Desde janeiro de 2006, o preço das passagens de ônibus não sofre alterações para o consumidor (veja tabela abaixo). Mas os custos, como combustível e salário de motoristas e cobradores, aumentaram significativamente no período e foram absorvidos pelos cofres públicos, já que o governo subsidia o transporte no DF.
Isso significa dizer que, quando o usuário passa pela catraca do ônibus, o que ele paga não representa o valor real do bilhete. A passagem custa mais caro, o que é chamado de tarifa técnica, porém, apenas parte dela — a tarifa do consumidor — é repassada aos cidadãos. A diferença é subsidiada com recursos públicos. O orçamento local ainda arca com as gratuidades para pessoas com deficiências e o passe livre estudantil.
“Para reduzir essas tarifas técnicas, é preciso continuarmos com o nosso trabalho de racionalização e de combate a fraudes. Assim, conseguiremos diminuir os custos para a população”, afirma Carlos Tomé, secretário de Mobilidade.
Em 2015, segundo a pasta, R$ 550 milhões serão gastos pelo governo para pagar o transporte público, já considerando uma redução de cerca de R$ 50 milhões com o reajuste da tarifa. No próximo ano, a estimativa é que as despesas na área caiam para R$ 450 milhões. Uma diferença de R$ 100 milhões ajudará no custeio de outros serviços essenciais à população.
Inflação
Nos últimos nove anos — período em que não houve repasses do aumento na tarifa para o usuário —, o custo do transporte aumentou em várias frentes. Na principal, houve um acréscimo de 141% nos salários de motoristas e cobradores, segundo a Secretaria de Mobilidade.
Em janeiro de 2006, a média de vencimento era de R$ 460,40 para cobradores e de R$ 880 para motoristas. Esses valores passaram para R$ 1.119,33 e R$ 2.121,33, respectivamente, em setembro de 2015. Os gastos com esses profissionais representam 50% dos custos das empresas.
Na conta, também tem destaque o aumento no valor do combustível. O valor do litro do óleo diesel subiu de R$ 1,70, em 2006, para R$ 2,57 neste ano. Além disso, a inflação acumulada entre janeiro de 2006 e setembro deste ano é de 73,60%.
Em contrapartida, o salário mínimo cresceu 125% no período — de R$ 325 para os atuais R$ 788. Assim, o passageiro que, em 2006, recebia um salário mínimo e fazia duas viagens diárias, sentia mais o impacto do transporte no bolso. O comprometimento com esse item era de 41,14% do salário. Agora, essas despesas, já reajustadas, representarão 24,17%.
Reajustes da tarifa de ônibus
*A partir de domingo (20)
**Essa tarifa foi criada apenas em 2007 e, desde então, custava R$ 2,50
Tarifa do metrô