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Após aumento na conta de luz, clientes enfrentam filas para reclamar

Longas filas se formam em diferentes postos da Eletropaulo em São Paulo.
Empresa diz que problemas técnicos foram sanados.

Consumidores reclamam da demora no atendimento em postos da Eletropaulo em várias regiões de São Paulo, como mostrou o Bom Dia São Paulo. Quem precisa registrar alguma queixa sobre o valor da conta não pode utilizar o serviço telefônico e é obrigado a enfrentar uma longa fila.

A Eletropaulo afirmou que os reajustes nas contas têm motivado muitas reclamações. A equipe de reportagem chegou às 8h no posto em São Miguel Paulista, na Zona Leste de São Paulo, e encontrou uma longa fila. “Ninguém aguenta mais. Eu tenho problema de saúde e tenho que chegar aqui de madrugada”, diz uma consumidora.

O preço da conta motiva vários consumidores a se deslocar. “Está muito caro. O meu pai é só e está pagando R$ 139 sendo que só tem uma geladeira e uma TV. Não tem cabimento um negócio desse”, afirmou dona de casa Silvana Rodrigues.

Depois de enfrentar a fila, descobriram que a impressora não estava funcionando. “É um descaso total, dentro de um mês, praticamente, a conta de energia aumentou quase o triplo”, afirmou a técnica em enfermagem Elenilza Quaresma de Souza. “O moço foi na fila dizer para mandar o pessoal embora porque não tem sistema para atender”, disse a aposentada Esmeralda Lourenço da Silva.

Na semana passada, a demora no atendimento semelhante. O telespectador Denilson Cabral esteve nesse mesmo posto e mandou um vídeo para a reportagem do Bom Dia São Paulo. Ele teve que esperar por duas horas para conseguir atendimento.

No posto de Aricanduva, também na Zona Leste, não tinha tanta fila, mas um aviso alertava que faltava internet. “Estamos trabalhando em contingência”, dizia o anúncio.

Na Zona Norte, os consumidores enfrentavam uma longa fila que estava do lado de fora do estabelecimento.  Alguns clientes já aguardavam havia quase três horas. “Eu até perdi a noção de quanto tempo eu demorei. Tem que procurar uma pessoa disposta em te atender”, afirmou o motorista Elias de Jesus Andrade.

A Eletropaulo disse que o defeito na impressora na unidade de São Miguel já foi reparado e que o sinal de internet no posto do Aricanduva também já foi restabelecido. Segundo a empresa, os clientes aguardaram na loja da Freguesia do Ó, em média,19 minutos.

Novo aumento
O reajuste na conta de energia elétrica nas cidades de São Paulo atendidas pela Eletropaulo será definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) até o fim de junho e começa a valer no dia 4 de julho. Caso o pedido da companhia seja aceito, o aumento será o dobro da inflação acumulada nos últimos 12 meses, que ficou em 8,47%. A empresa atende 20 milhões de pessoas na capital e cidades vizinhas.

Em audiência pública realizada em Brasília (DF) no começo de maio, a companhia pediu reajuste de 16,73% nas contas dos consumidores residenciais. Para as indústrias, a proposta é de aumento médio de 12,21%. O índice definitivo será aprovado em reunião de diretoria da Aneel, prevista para 30 de junho.

As revisões das tarifas ocorrem, em média, a cada quatro anos e, quando são aplicadas, substituem o reajuste a que as distribuidoras têm direito e que é avaliado todos os anos pela Aneel. Em 2015, porém, devido ao forte aumento das despesas no setor elétrico, a agência também promoveu uma revisão extraordinária das tarifas, que começou a valer em março.

Nessa revisão extra, que na prática funcionou como um segundo reajuste anual, as contas de luz dos clientes da Eletropaulo já haviam sofrido aumento de 31,9%, o 12º maior entre as 59 distribuidoras do país contempladas.

Novas regras
Em abril, a Aneel aprovou as novas regras para o quarto ciclo de revisão tarifária das distribuidoras de energia elétrica. Segundo técnicos da agência disseram à Reuters, devem, na média, ajudar a reduzir a pressão de alta das tarifas neste ano.

Uma dessas regras permite o reconhecimento, nas tarifas, da remuneração por investimentos feitos com empréstimos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), destinados ao Programa Luz para Todos. Segundo técnicos da Aneel, essa remuneração deve ser de 1% a 2% do valor do empréstimo, informa a Reuters.

A Aneel também vai revisar o nível regulatório permitido de perdas não técnicas de energia, que ocorrem principalmente com ligações clandestinas, conhecidas como “gatos”. A tendência, segundo os técnicos, é de se aumentar um pouco o nível de perdas reconhecidas na tarifa.

Uma decisão que pode ajudar a reduzir o peso dos reajustes é o aumento dos ganhos de produtividade a serem considerados no chamado Fator X, índice que é aplicado como um redutor do impacto do IGP-M nos reajustes.

O componente produtividade no Fator X deve aumentar de 1,11 ponto porcentual para 1,53 ponto porcentual. Outra medida que deve favorecer os consumidores é a maior captura dos ganhos de eficiência nos custos operacionais das empresas.

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