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Após acirramento entre Poderes, Congresso investe em diálogo

Ainda que o cenário tenha fortes elementos de imprevisibilidade, os últimos dias foram marcados por certa calmaria

Presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia, se cumprimentam (Adriano Machado/Reuters Brazil)

Depois de momentos turbulentos e ameaças de rupturas da estabilidade política nas semanas que se passaram, o Congresso Nacional acionou seu “modo diálogo”, desceu o tom e aproveitou os últimos dias para tomar fôlego.

Ainda que o cenário tenha fortes elementos de imprevisibilidade, diante das manifestações contra e a favor do governo previstas para este fim de semana e também da perspectiva de desdobramentos no Judiciário de ações envolvendo o presidente Jair Bolsonaro ou apoiadores, os últimos dias foram marcados por certa calmaria.

Isso se deve, em parte, a uma atuação mais deliberada do presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), de acalmar os ânimos, segundo uma fonte consultada que prefere o anonimato. Foi ele o emissário, na última semana, a pedir calma a Bolsonaro quando a relação dele com o Supremo Tribunal Federal (STF) chegava a níveis críticos.

“Muito mérito do Davi na interlocução entre os poderes, e de Rodrigo em evitar conflitos e serenar os ânimos”, avaliou.

Mas outro elemento trouxe certa estabilidade política, ainda que não garanta ao governo conforto total no Congresso.

Uma nova realidade da correlação de forças no Legislativo, agora com três blocos distintos – a oposição, os independeres, e os governistas, incluindo integrantes do centrão, recentemente angariados pelo Planalto – forçou os parlamentares a uma fase de adaptação, o que reduz movimentos bruscos, por ora.

“A aproximação com o centrão traz alívio para o governo, que verá seus projetos facilmente aprovados. Ocorre que antes desta aproximação, muitas coisas aconteceram e seus desdobramentos começam a se multiplicar agora. Portanto, tudo ainda imprevisível”, avaliou o deputado Fábio Trad (PSD-MS), referindo-se a crises políticas como a envolvendo o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, ações judiciais, polarização crescente, e ministros processados.

Trad integra o PSD, que recentemente aderiu ao governo, mas critica o movimento da sigla. Assim como ele, há integrantes de outros partidos do chamado centrão, como PL e PP, que não se engajaram na base do governo, apesar do posicionamento das direções partidárias.

Na mesma linha de Trad, Efraim concorda que o centrão garante votos a favor do governo, trouxe “margem” e “conforto”.

“Mas não entregou a maioria absoluta, nem o controle da agenda”, ponderou o líder. “Governistas cresceram, estão com cerca de 200 parlamentares. Mas pra terem a maioria de 257 precisam dos independentes”, calculou, atribuindo aos parlamentares que não integram nem a oposição e nem a base do governo a tarefa de atuar como “fiéis da balança”.

Dessa forma, a agenda do governo só passa, na avaliação do líder, se contar com a aprovação dos independentes.

Confrontos

As últimas semanas foram marcadas por confrontos diretos com o Judiciário, tendo como pano de fundo investigações que podem atingir o governo.

Uma delas diz respeito ao inquérito das fake news no STF e apura possível associação criminosa de disseminação de notícias falsas, contando, inclusive, com o financiamento de empresários. As investigações resultaram em operação, na semana passada, que incluiu busca e apreensão de computadores, celulares e tablets de empresários e ativistas digitais ligados ao bolsonarismo, acusados de produzirem e financiarem notícias falsas.

A operação provocou fala irritada de Bolsonaro, em que ele declarou que não haveria mais um dia como o da operação.

Outra, motivada por acusações de Sergio Moro ao deixar o Ministério da Justiça, analisa se Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal.

No meio disso tudo, em transmissão ao vivo na internet, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente sugeriu que haverá uma “ruptura” e cogitou “medida enérgica” do pai.

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