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Após 1 ano, órgãos ainda apuram acidente que matou filho de Alckmin

Thomaz e mais 4 morreram em queda de helicóptero em 2 de abril de 2015. Aeronáutica e polícia apuram revisão e manutenção de aeronave.

 

Thomas Alckmin, filho do governador Geraldo; imagem do helicóptero antes de decolar; e foto dos destroços da aeronave em Carapicuíba (Foto: Arquivo/Beto Barata/Estadão Conteúdo, imagens TV Globo)
Thomas Alckmin, filho do governador Geraldo; imagem do helicóptero antes de decolar; e foto dos destroços da aeronave em Carapicuíba (Foto: Arquivo/Beto Barata/Estadão Conteúdo, imagens TV Globo)

Após um ano da queda do helicóptero que matou cinco pessoas, entre elas o filho caçula do govenador Geraldo Alckmin (PSDB), na Grande São Paulo, a Aeronáutica e a Polícia Civil focam suas investigações na revisão das pás que formam a hélice e na manutenção da aeronave para saber se elas têm relação com o acidente aéreo do dia 2 de abril de 2015 em Carapicuíba. Até este sábado (2), os dois órgãos não haviam concluído suas apurações sobre as causas do que aconteceu naquela tarde.

A aeronave caiu logo após decolar na mesma cidade, matando Thomaz Alckmin, de 31 anos, o piloto Carlos Haroldo Isquerdo Gonçalves, de 53, e os mecânicos Paulo Henrique Moraes, 42, Erick Martinho, 36, e Leandro Souza, 34. Imagens de câmeras de segurança gravaram o helicóptero decolando com problemas e caindo sobre residências de um condomínio. Os moradores não se feriram, mas suas casas ficaram parcialmente destruídas.

O Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV) e o 2º Distrito Policial (DP), em Carapicuíba, querem saber se a queda do helicóptero ocorreu por uma fatalidade ou por falha humana. Apesar de as investigações serem independentes, os dois órgãos estão trocando informações acerca do caso para tentar elucidá-lo.

A retirada e recolocação das pás que compõem a hélice do rotor principal da aeronave e a desconexão de peças internas do helicóptero antes da decolagem são apontadas por peritos e policiais como prováveis fatores contribuintes para o acidente. Por isso, Aeronáutica e polícia procuram descobrir se ocorreram problemas na revisão das pás e na manutenção do helicóptero.

Procurada na sexta-feira (1º) para comentar o assunto, a assessoria de imprensa da Aeronáutica informou que “a investigação está em andamento”. “Vamos aguardar a publicação do Relatório Final para apresentar as conclusões. Não é possível precisar o prazo para o fim das investigação.” A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o inquérito ainda não foi concluído.

A revisão das pás foi feita pela Helibrás e a manutenção da aeronave, pela Helipark. O helicóptero, modelo EC 155 B1, foi fabricado pela empresa Eurocopter France. Ele pertencia à Seripatri Participações.

Em nota, a Seripatri “informa que assumiu todas as suas responsabilidades perante as famílias, pessoas envolvidas, sociedade e autoridades públicas civis e militares”.

“Como uma das partes envolvidas, vem colaborando ativamente e aguarda a conclusão dos trabalhos técnicos de investigação conduzidos pela Aeronáutica – Cenipa, assim como na conclusão do inquérito policial para, respectivamente, apuração das responsabilidades civis e criminais deste acidente. Por fim, nos solidarizamos com os familiares dos que infelizmente faleceram, amigos e todos os demais atingidos, direta ou indiretamente, por esta tragédia.”, termina o comunicado da Seripatri.

Por meio de nota, a Helipark informou que “segue colaborando com as autoridades responsáveis pela investigação, e não fará pronunciamentos à imprensa enquanto as investigações não forem concluídas”.

Aeronáutica
Em junho do ano passado, a Aeronáutica divulgou nota preliminar sobre as prováveis causas do acidente com a aeronave. Apontou que duas peças “fundamentais” para o piloto controlar o helicóptero estavam desconectadas antes da decolagem.

Como é praxe na Força Aérea Brasileira (FAB), esse tipo de documento não apontará culpados; sugere apenas recomendações para se evitar novos acidentes com o mesmo modelo de aeronave. A investigação é feita pelo Seripa 4, que é vinculado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Polícia
Na esfera criminal, a polícia poderá apontar eventuais responsáveis e responsabilidades pelas cinco pessoas que morreram -até este momento consideradas mortes suspeitas. Mais de 30 pessoas, entre elas, técnicos e mecânicos, já foram ouvidas no inquérito, que possui cinco volumes, cerca de 800 páginas de depoimentos e informações técnicas.

Ainda faltam anexar laudos que não ficaram prontos. A polícia também requisitou o depoimento de um técnico da Aeronáutica que não participa da investigação do Seripa.

Se a polícia comprovar que uma fatalidade causou a queda do helicóptero, o caso será arquivado sem apontar culpados. Se a investigação policial concluir que houve falha humana para a queda da aeronave, será preciso saber se essa falha foi intencional ou não.

Caso a investigação policial comprove que a queda do helicóptero foi causada por uma ou mais pessoas, ela ou elas poderão ser responsabilizadas, respondendo por homicídio doloso (com intenção) ou culposo (sem intenção).

A investigação é complexa e envolve outras provas técnicas. No dia da queda, a aeronave realizava testes de balanceamento das pás do rotor principal.

Manutenção e revisão
A Aeronáutica e a Polícia Civil já sabem que antes da revisão das pás e manutenção da helicóptero, a aeronave não apresentou problemas. Os peritos e investigadores também têm conhecimento de que a aeronave caiu após realizar a revisão e manutenção de 2 anos e 600 horas de voo. A revisão das pás foi feita pela Helibrás, em Itajubá, Minas Gerais. A manutenção da aeronave coube à Helipark, em Carapicuíba.

De acordo com a investigação, as pás foram retiradas pela Helipark e encaminhadas para a Helibrás fazer a revisão. Depois, as pás voltaram para a Helipark instalá-las no helicóptero.

No ano passado, a Aeronáutica chegou a divulgar um desenho do sistema de controle do helicóptero para mostrar onde as peças estariam desconectadas, e informava ainda que “foi identificado que algumas dessas peças, no lado direito-inferior da aeronave, estavam desconectadas antes da decolagem. Essa desconexão diz respeito ao posicionamento incorreto do arranjo mecânico, em desconformidade com os manuais do fabricante, fato que ensejou o desprendimento em algum momento do voo”.

O Cenipa informou que o helicóptero estava com dois componentes –fundamentais para que o piloto comandasse a aeronave –desconectados . Eram “controles flexíveis” e “alavancas”. Segundo o órgão eles permaneceram desconectados durante o voo. A nota não informou o motivo da desconexão.

As peças conhecidas como “ball type” e “bell cranck” servem para transmissão de movimento de vários sistemas da aeronaves. Podem acionar o rotor de cauda para movimento de guinada ou o rotor principal para subir descer ou movimentos laterais. Também podem ser usadas para o controle do motor. Normalmente se localizam internamente à fuselagem do helicóptero e são acessíveis para manutenção.

O voo do dia do acidente foi o primeiro daquele helicóptero após quase dois meses de intervenções previstas de revisão e manutenção.

Queda helicóptero Thomaz Alckmin (Foto: Arte/G1)
Queda helicóptero Thomaz Alckmin (Foto: Arte/G1)
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