Tecnologia desenvolvida pelo biólogo Andrea Califano, da Universidade de Columbia, será testada em 3 mil pacientes nos próximos 3 anos
Mais de 7,6 milhões de pessoas morrem por conta do câncer por ano no mundo, segundo uma estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, a doença ainda faz vítimas. E a tecnologia, como em muitos outros casos, pode ser uma boa ajudantes para os especialistas da área de saúde.
Pensando nisso, o biólogo Andrea Califano, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, tenta descobrir medicamentos que podem funcionar contra a doença com a ajuda de algoritmos. Califano constrói, com ajuda de computação avançada, modelos de redes celulares que sustentam as células cancerígenas para identificar os chamados “fatores de transcrição”, responsáveis por controlar o comportamento de diversos genes dentro delas.
Para isso, Califano trabalhou com o biólogo celular José Silva para fazer a análise de amostras de tecidos de pacientes com câncer de mama que se tornaram resistentes ao medicamento Herceptin, indicado para o tratamento de pacientes em fase inicial. Enquanto outros pesquisadores tentam entender como funciona as mutações genéticas do câncer em cada paciente, ele pretende entender quais fatores em comum podem ser abordados para atacar a doença, apesar de suas diferenças, da mesma forma.
Segundo ele, é uma “abordagem despersonalizadora para a medicina personalizada”, o que pode reduzir a quantidade de remédios de “milhares para dezenas” e, ao mirar nesses reguladores, é possível parar o câncer, sem levar em conta qual foi a mutação que o causou, ou seja, quando os oncologistas focarem nesses fatores, poderão tratar diversas formas da doença, com poucos medicamentos.
“Nós construímos algoritmos que podem reverter a lógica de cada tumor para que possamos saber quais são os alvos”, disse ele em entrevista à revista científica Science. A área de Califano é extretamente ligada ao uso de matemática aplicada e tem poucos resultados clínicos bem-sucedidos.
A novidade está no começo dos testes em humanos e seu uso clínico ainda é incerto. Mas a Universidade de Columbia está apostando forte na ideia e alocou 15 milhões de dólares para que a eficiência do algoritmo de Califano seja testada em 3 mil pacientes nos próximos 3 anos. A tecnologia, então, vai analisar o caso de cada um e recomendar o melhor medicamento. Resta torcer para que tudo dê certo.