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Alckmin diz que PSDB viveu mau momento e anuncia ‘pit-stop’ na política

Tucano declara que Brasil ‘perde tempo’ com governo Bolsonaro e critica ideologização: ‘Muro de Berlim caiu faz quase 30 anos’

O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (Evaristo Sá/AFP)

Poucos dias após classificar, em convenção do PSDB, o petismo e o bolsonarismo como “duas mentiras“,  o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin voltou a comentar sobre seus adversários nas eleições presidenciais de 2018. Em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira 3, Alckmin comenta que deseja fazer um “pit-stop” da vida política e reconhece que seu partido “não vivia um bom momento” quando concorreu ao cargo de presidente e terminou o primeiro turno na quarta colocação, com 4,76% dos votos.

‘Diria que, se (a eleição de 2018) tivesse tido um curso mais natural, o quadro seria diferente. Na realidade, vivemos uma crise política. E houve dois fatos importantes: o impeachment da Dilma (Rousseff) e a prisão do Lula. O PT se vitimizou. Depois veio a facada do Bolsonaro, (com quem) me solidarizei e reitero a solidariedade, mas teve impacto. No fim, foi um plebiscito sobre Lula e PT, e venceu o anti-PT. Como Bolsonaro estava na frente, o rio correu para o mar”, avaliou o tucano.

“Sempre achei que teria um candidato mais à esquerda e um mais ao centro. O PSDB não vivia um bom momento, o Bolsonaro começou antes — e não tiro os méritos dele. Acabou avançando e o voto útil foi para ele. Quero dizer que não tenho nada contra o presidente, pessoalmente. Até simpatizo pelo jeito simples, mas discordo totalmente da agenda do governo, acho que está fazendo o Brasil perder tempo”, prosseguiu o ex-governador paulista.

Alckmin vê uma “falta de agenda” no governo de Bolsonaro. “Temos 13,2 milhões de desempregados, cadê a agenda de produtividade? O Brasil não cresce, ficou caro para quem vive aqui, e tem dificuldade de exportação. Onde está essa agenda? Cadê a reforma tributária, fiscal? Eles não têm uma agenda e a única proposta é voltar com a CPMF, que é um imposto ruim, em cascata, que onera as cadeias produtivas. A questão da política externa… Uma ideologização, que não é da velha, é da antiga, da antiquíssima política. Precisa dizer para ele que o Muro de Berlim caiu faz quase 30 anos”, criticou.

Com bens bloqueados por decisão da Justiça que investiga repasses não declarados da Odebrecht para a campanha de 2014, Alckmin nega qualquer prática corrupta: “Fui prefeito aos 24 anos. Hoje tenho 66, um apartamento de dois quartos e um sítio de cinco alqueires em Pindamonhangaba. Mais nada. Abri mão da aposentadoria especial. Vivo de R$ 5.000 do INSS. Se há um cuidado que eu sempre tive é o ético. Agora, pode ter questionamento? Pode. É explicar”.

Sobre seus planos futuros, o ex-governador de São Paulo, que é médico, definiu como prioridades dar aulas, buscar novas especializações como um curso de acupuntura e participar como convidado especial do programa Ronnie Von, na TV Gazeta. Novos projetos políticos não constam nos planos de curto prazo, segundo ele.

“Na política eu vou dar um pit-stop. Gosto muito de estudar. O futuro… É stop, mas é pit. Vamos deixar. O futuro a Deus pertence”, declarou.

 

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