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Afinal, o que falta para terminar a greve dos Correios?

Paralisação que começou no dia 17 de agosto foi motivada pela revogação do atual acordo coletivo pelo STF, uma das ações que tornam o evento deste ano único

Funcionarios do correio em greve na manifestação em frente ao predio dos correios na Vila Leopoldina desta terca feira data: 08/09/2020 Foto: Leandro Fonseca (Leandro Fonseca/Exame)

Trabalhadores dos Correios estão há mais de 20 dias numa greve que, segundo os sindicatos, têm características únicas.

A paralisação, que começou no dia 17 de agosto, foi motivada pela revogação do atual acordo coletivo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que deveria valer até 2021, como ficou determinado pelo Tribunal de Justiça do Trabalho (TJT). Os funcionários também reclamam do tratamento negligente da empresa em relação aos cuidados obrigatórios em função da pandemia. E, por fim, são contra a privatização da estatal.

De 79 propostas de renovação de cláusulas vigentes vindas dos sindicatos, os Correios aceitam nove. De acordo com a organização, 70% dos trabalhadores dos Correios no país aderiram à paralisação, que não tem data para acabar. Já os Correios dizem que 83% dos funcionários estão trabalhando normalmente e que o sistema de distribuição não foi afetado.

“Tenho mais de 40 anos de empresa, nunca passei por isso. E podia ser tudo resolvido no diálogo”, diz José Aparecido Gandara, presidente da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect). Segundo ele, é a primeira vez que a administração dos Correios reduz os benefícios dos funcionários de forma unilateral, sem propor diálogo, de modo a “forçar uma greve”.

Os sindicatos dizem que os Correios conseguiram lucrar durante a pandemia, por causa do aumento das vendas pela internet. O que não justifica a redução de benefícios dos funcionários. As vendas online tiveram alta de 70% no segundo trimestre.

O desfecho dessa paralisação está nas mãos do do TST que, em caso de não haver acordo entre as partes, determina qual será o dissídio da categoria. O sindicato também pediu um reajuste de 5% de salário.

O processo está sendo analisado pela ministra Kátia Arruda, da Seção Especializada em Dissídios Coletivos. Na semana passada, Arruda determinou a manutenção de 70% das atividades dos Correios e proibiu descontos nos salários dos grevistas, por entender que eles exercem seu direito.

As partes desse impasse esperam agora a data do julgamento que deverá ser marcada por Arruda entre hoje e amanhã, na expectativa de Gandara.

Há chances de que a categoria volte a trabalhar assim que tiverem uma data para o julgamento. Mas pode acontecer também que os trabalhadores escolham esperar a decisão da Corte, o que seria menos provável.

A greve mais longa feita pelos trabalhadores dos Correios até hoje foi em 2014 e durou 43 dias. Na ocasião, havia falta de acordo em relação a mudanças no plano de saúde dos funcionários.

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