Para especialistas, sociedade civil, empresas e governos precisam caminhar juntos em prol do cumprimento da Contribuição Nacionalmente Determinada
São Paulo — Na 21ª Conferência das Partes, nasceu o Acordo de Paris e, a partir dele a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC Brasil), uma iniciativa que se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025, com uma contribuição indicativa subsequente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030.
As análises do que de fato está sendo feito para o alcance da meta acontecerá na Conferencia Brasileira de Mudança do Clima em novembro e, antecipadamente, foram discutidas nesta terça-feira, 03, na Conferência Ethos 360º.
Com o atual cenário de incêndios na Amazônia, e a retirada da candidatura para que o Brasil fosse anfitrião da 25ª Conferência do Clima da ONU (COP-25), as lideranças do setor reforçam a importância da sociedade civil e privada no atingimento das metas.
Para o consultor, também é necessário que as organizações sociais comecem a cumprir a sua função social junto aos governos locais, sejam eles municipais ou estaduais.
A descarbonização da economia depende também de atitudes individuais, inclusive, cada vez mais discutidas, como a diminuição do uso de plástico ou de consumo de carne.
Um exemplo da necessidade da redução do consumo de carne se dá pelo fato de que à medida que o Brasil se consolida como um grande fornecedor de proteína animal, com um crescimento acumulado na produção de carne bovina estimada em 10,4% entre 2017 e 2021, aumentam as preocupações sobre o volume de água embutido nessa produção. Na média mundial, o volume de água necessário para produzir 1 kg de carne bovina é de 15,4 mil litros.
Para Cassia Moraes, fundadora e presidente da Youth Climate Leaders, as jovens lideranças têm sido essenciais na mudança positiva do clima. Segundo ela, metade dos jovens da rede já são veganos ou vegetarianos. A organização ambiciona ter 1 milhão de jovens na rede globalmente até 2030. “Não é a toa que grandes redes de fast food estão investindo em opções veganas. Elas encheram o potencial em um consumidor social e ambientalmente consciente”, afirma.
De todo modo, há ainda muito trabalho a ser feito. Victor Salviati, coordenador de projetos especiais da Fundação Amazonas Sustentável, reforça que os esforços para as mudanças climáticas são perenes e não se esgotam em um evento. “Para que o cenário mude é preciso que as divergências política se tornem convergências em busca de um mesmo propósito ambiental”, diz.