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Artista plástico professor da rede pública do DF vai expor obras no Louvre

Octávio Rold, 28 anos, ensina arte a crianças de 11 a 16 anos, no Centro de Ensino Fundamental 1 do Paranoá

Ao mesmo tempo em que se prepara para expor os trabalhos no Museu do Louvre, em Paris, o artista plástico brasiliense Octávio Rold, 28 anos, ensina arte a crianças de 11 a 16 anos, no Centro de Ensino Fundamental 1 do Paranoá, como professor efetivo da Secretaria de Educação. Formado em artes plásticas pela Universidade de Brasília (UnB) e em história da arte pela Universidade de Florença, Rold criou um estilo próprio, com linguagem expressiva, fluida, que foge do óbvio.

 

Inspirado por impressionistas como Monet e Van Gogh, ele registra um monumento famoso — como o Templo da Legião da Boa Vontade (LBV), a Igrejinha, a Sagrada Família e o Partenon — de maneira que sobrepõe a realidade. “Quando se coloca a identidade própria no quadro, as pessoas associam a obra ao artista. Eu gosto muito de pegar templos, locais e pessoas e tirá-los do óbvio, mostrando o meu ponto do vista.”

Rold trabalha com duas técnicas: aquarela e nanquim sobre papel e tinta acrílica sobre tela. Ele é autor de uma das obras do acervo permanente da Embaixada do Brasil em Roma. Em 2013, fez a primeira exposição internacional, em Florença. Dois anos mais tarde, foi a vez de representar a capital brasileira em Milão, com uma série de aquarelas que ilustram frutas típicas do país tropical, como o guaraná, a jabuticaba, a acerola e a goiaba.

A jornada internacional continua, com data marcada para outubro deste ano, quando o artista vai expor quatro obras no Salão Profissional de Arte Contemporânea do Carrousel du Louvre. Apesar do prestígio internacional, a principal missão de Rold está aqui, em Brasília. “Quero trazer a arte como perspectiva de vida. Torná-la acessível a essas crianças. Assim como o esporte e a religião podem contribuir para a formação, a arte é mais um mecanismo e, para mim, o principal”, justifica.

Quinta geração de professores na família, Rold teve em casa exemplos que contribuíram na formação profissional. Além da avó, da bisavó e da tataravó, a mãe, Márcia Regina Pereira, trabalhou durante 32 anos como professora de português na Escola do Parque da Cidade.

De acordo com o artista, uma das grandes incentivadoras para o desenvolvimento acadêmico e profissional dele foi a doutora e professora do Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da UnB Thérèse Hofmann Gatti. A admiração, no entanto, vem dos dois lados. “É um artista jovem, extremamente promissor. Ficamos muito orgulhosos de ele conseguir transitar nesse eixo de artista-professor e professor-artista.  Além da qualidade do desenho e do domínio das técnicas, Rold tem visão de pesquisa, iniciação científica e didática, e certamente mostrará aos alunos a importância da estética, da sensibilidade, do saber traduzir o mundo visual em que vivemos”, afirma Thérèse.

Autonomia

Um dos projetos que o professor quer implementar em sala de aula é a confecção de artesanatos, como sabonetes, para que os alunos consigam vender as próprias produções. “Os materiais artísticos, em geral, são caros. Mas isso não é um empecilho. Por isso, quero ensinar aos meus alunos a produzirem os próprios materiais, dar autonomia a eles por meio da arte. Muitas vezes, essas crianças não se imaginam artistas, e trabalhar com criações artesanais é uma maneira de estimulá-las.”

A dificuldade de Octávio para se descobrir artista foi outra. Até os 17 anos, ele sofria com hiperidrose palmar, doença que faz com que as mãos suem excessivamente. “Mesmo sentindo que tinha um dom para o desenho, eu não conseguia segurar o pincel, porque escorregava. A folha ficava molhada. Fiz uma cirurgia para corrigir esse problema e comecei a pintar de verdade”, conta.

Para Rold, a arte contribui para uma visão mais ampla de mundo e é uma forma de comunicar o que a sociedade tende a discriminar. “A arte é uma maneira de expressão, de protesto. Em uma comunidade onde muitas das crianças com que trabalho são oprimidas socialmente, aprender a se expressar artisticamente empodera, abre horizontes e, nesse sentido, salva.”

Para saber mais

 
Reconhecimento internacional

O Salão Profissional de Arte Contemporânea do Carrousel du Louvre, em Paris, será de 16 a 24 de outubro, no Museu do Louvre. Durante o evento, artistas emergentes, renomados e internacionais expõem as obras selecionadas. Na ocasião, o público pode comprar as produções, além de ter contato direto com os artistas e galeristas de diferentes nacionalidades.

Fonte: Correio Braziliense

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