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Parque Tecnológico: 1º prédio será entregue dentro de duas semanas

Edifício foi construído em área entre a Granja do Torto e o Parque Nacional. Foto: João Stangherlin

Inovação, tecnologia e ciência. A tríade promete fazer com que a capital federal mude sua cultura: do foco no serviço público para a criação e desenvolvimento de startups e empresas da iniciativa privada. A expectativa é do Governo de Brasília sobre o lançamento do Parque Tecnológico Biotic, que, após muitas idas e vindas, terá o primeiro edifício inaugurado no dia 2 de abril, entre a Granja do Torto e o Parque Nacional.

Em um espaço de 1,2 milhão de metros quadrados, o Biotic tem potencial para abrigar 1,2 mil empresas. Segundo o secretário-adjunto de Ciência, Tecnologia e Inovação, Thiago Jarjour, o Biotic pode gerar até 25 mil empregos quando concluído. “A gente quer criar uma matriz de desenvolvimento econômico na área de inovação e tecnologia. Brasília não tem vocação industrial, mas a gente pode ter vocação para a indústria limpa”, alega.

De imediato, o governo está priorizando a entrega e a ocupação do Edifício de Governança. No local, em que estão dois blocos, ficará as empresas – consolidadas e startups – e órgãos, como a Fundação de Apoio à Pesquisa do DF (FAP), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-DF) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Distribuição

De acordo com Jarjour, o Bloco A – espaço menor – será destinado ao programa de aceleração, maturação, mentoria e incubação para startups. O prédio possui quatro andares e um subsolo, em que está instalado um auditório, e será gerido por uma entidade/organização. A escolha será definida a partir de um edital da Secretaria de Economia, Desenvolvimento, Inovação, Ciência e Tecnologia, que será publicado até o fim da semana.

“O ecossistema de Brasília ainda está imaturo no sentido de incubação de startups. A gente espera que até maio o agente de inovação (o que vai administrar) esteja contratado. Depois, eles serão os responsáveis por selecionar as empresas que iniciarão o programa de aceleração das startups”, levanta o secretário-adjunto. O valor de contrato para a organização responsável pelas startups está previsto em R$ 500 mil por mês, mas pode cair a depender das propostas.

Já o Bloco B – composto por quatro pavimentos de 900 m² – terá, em cada andar, uma configuração diferente. No térreo vai funcionar um espaço de coworking público, de acesso gratuito. “Ele vai precisar atender aos condôminos – instalados no edifício – e às pessoas que pensem em empreendedorismo na cidade. Vai estar aberto para universidades, instituições, empresas”, explica Jarjour.

O primeiro andar será ocupado por empresas de base tecnológica. Elas serão selecionadas por meio de edital da Terracap, que será publicado até o fim da semana. Segundo Jarjour, o incentivo para essas empresas será desconto no aluguel. “No primeiro ano eles terão 75% de desconto, 50% no segundo, 25% no terceiro, e no quarto ano elas passam a pagar o valor integral. A ideia é que no quarto ano eles saiam do Edifício de Governança e se instalem no terreno do Parque Tecnológico”, aponta.

No segundo andar se instalarão entidades e instituições ligadas à Ciência, Tecnologia e Inovação. O edital foi publicado pela FAP em 9 de março. Uma área será destinada à Embrapa. Por último, o terceiro andar será a sede da FAP.

Resultado a longo prazo

Thiago Jarjour reconhece que o processo para tirar o Parque Tecnológico do papel e colocar em prática demorou décadas. “As discussões iniciaram em 1991, quando foi inaugurada a primeira pedra fundamental do Parque Tecnológico Bernardo Sayão, no Núcleo Bandeirante. Esse projeto acabou se desvirtuando no meio do caminho, porque inseriram empresas de outros segmentos”, afirma.

Em 2002, a União doou o terreno que hoje abriga o Biotic à Novacap. Na mesma época, o então governador Joaquim Roriz sancionou a lei que criava o Parque Tecnológico Capital Digital. O primeiro empreendimento no local somente teve início em 2012, com a inauguração do Datacenter da Caixa Econômica e do Banco do Brasil.

Em janeiro do ano passado, o governador Rodrigo Rollemberg alterou a lei e ampliou o escopo: antes tratava somente de empresas ligadas à áreas de tecnologias da informação e telecomunicação, mas existe a possibilidade de desenvolvimento da biotecnologia. “Não é uma coisa que vai acontecer em menos de dez anos. Para ocupar tudo vai até mais tempo. É a médio ou longo prazo. O início é criar a ambiência correta dentro do Edifício de Governança. Aqui é a fagulha. Se a gente começar a movimentar o empreendedorismo, vai impulsionar para que todo o restante do Parque tome forma”.

Jarjour reitera que é preciso empenho da iniciativa privada. “Estamos felizes em tirar do papel. Foi e voltou tantas vezes. O governo é apenas indutor: se o ecossistema não se apropriar, não vai acontecer. Agências de empreendedorismo, aceleradoras, universidades têm que estar presentes”, finaliza. Duas linhas de ônibus serão criadas: elas sairão da Rodoviária, passando pela W3 Norte e outra pela UnB.

Auditório, ainda inacabado, é um dos espaços do primeiro prédio. Foto: João Stangherlin

Mercado de tecnologia e inovação

Acompanhando a tendência global e nacional, a capital possui o 3º maior mercado de Tecnologia do Brasil. Os dados são do Anuário do Distrito Federal. De acordo com a pesquisa, Brasília abriga 700 empresas que oferecem mais de 30 mil postos de trabalho. O volume de negócios do setor representa 3,5% do PIB local, e com a instalação do Parque Tecnológico, a perspectiva é de que haja um crescimento superior a 7% neste índice.

O coordenador do Laboratório de Inovação e Estratégia em Governo da UnB, Antônio Isidro, confirma a tendência, mesmo que a capital ainda tenha a economia voltada ao serviço público. Para ele, para que o Parque Tecnológico impulsione a cultura do empreendedorismo é preciso aproveitar os potenciais que os brasilienses dispõem.

“A vinda do parque faz com que Brasília se torne referência num ecossistema de renovação local e nacional. O mundo inteiro tem busca por empreendedores e investidores. O fato de a gente criar essa inovação permite que empresas, pessoas e países consigam interagir para desenvolver novas soluções, projetos de pesquisa, de empreendimentos. Os resultados são para a cidade e o País, não só economicamente falando, mas no desenvolvimento de soluções sociais e de cidadania”, alega o especialista.

 

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