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Kosovo: dez anos de independência marcados pela instabilidade

Neste sábado, o país comemora os primeiros dez anos da sua autoproclamada independência da Sérvia, reconhecida até agora por 111 dos 193 países da ONU

Belgrado/Pristina – O Kosovo comemora neste sábado os primeiros dez anos da sua autoproclamada independência da Sérvia, reconhecida até agora por 111 dos 193 países da ONU, incluindo os Estados Unidos e a maioria dos membros da União Europeia (UE), mas não por Rússia, China ou a própria Sérvia.

Em seguida, se detalha uma cronologia do processo pelo qual a antiga província sérvia passou a ser um Estado soberano que deseja integrar-se à UE.

1989-1998: O presidente sérvio, Slobodan Milosevic, suprime a autonomia do Kosovo estipulada na Constituição de 1974. A província, povoada majoritariamente por albaneses étnicos, proclama sua independência como uma entidade federada da Iugoslávia, mas Belgrado dissolve o poder regional e reprime os protestos.

1998-1999: Conflito entre a guerrilha separatista do Exército de Liberdade do Kosovo (UCK) e as forças sérvias.

1999: A OTAN inicia em março bombardeios aéreos contra a Iugoslávia que, após 78 dias de ataques, retira seu exército do Kosovo. A ONU adota a resolução 1.244 para o Kosovo e a OTAN inicia a missão de segurança KFOR. O Kosovo se transforma em um protetorado internacional administrado pela ONU.

2001-2002: A realização das eleições parlamentares termina com a vitória da Liga Democrática do Kosovo (LDK) do pacifista Ibrahim Rugova, que é eleito presidente. Como primeiro-ministro é nomeado Bajram Rexhepi, um dos líderes do Partido Democrático do Kosovo (PDK) do ex-comandante guerrilheiro Hashim Thaçi.

2003: Representantes sérvios e kosovares se reúnem em Viena pela primeira vez desde a guerra.

2006-2007: Rugova morre de câncer em 2006 e é substituído por Fatmir Sejdiu, secretário-geral da LDK. Thaçi é escolhido como primeiro-ministro.

A ONU lança negociações entre Belgrado e Pristina sobre o estatuto definitivo de Kosovo e encarrega a mediação ao ex-presidente finlandês Martti Ahtisaari, que em março de 2007 recomenda a independência, sob supervisão internacional, como “única opção viável” para o Kosovo.

Devido à oposição da Rússia, o Conselho de Segurança da ONU não consegue um acordo e começam novas negociações que fracassam em novembro de 2007.

2008: O parlamento kosovar declara unilateralmente sua independência da Sérvia em 17 de fevereiro de 2008. No dia seguinte, o parlamento da Sérvia anula a independência kosovar.

As embaixadas de Turquia, Croácia e EUA em Belgrado são atacadas durante os protestos contra a independência kosovar, enquanto que os confrontos entre albaneses e sérvios na dividida cidade kosovar de Mitrovica deixam vários feridos e detidos.

A Constituição kosovar entra em vigor em 15 de junho. Pouco depois, os servo-kosovares formam em Mitrovica uma Assembleia própria, com caráter representativo. Por sua vez, a UE lança sua missão civil, a Eulex.

2010: A Corte Internacional de Justiça opina que o Kosovo não violou o direito internacional ao se autoproclamar independente.

O Conselho da Europa publica um relatório que acusa membros do UCK de tráfico de órgãos e outros crimes. Thaçi rejeita as acusações e é reeleito premiê em 12 de dezembro, nas primeiras eleições gerais desde a declaração da independência.

2011: Sérvia e Kosovo começam um diálogo técnico para normalizar suas relações e fecham um acordo sobre a gestão comum de passagens fronteiriças.

O parlamento elege a primeira mulher presidente do Kosovo, Atifete Jahjaga.

2013: Belgrado e Pristina chegam a um pacto para normalizar suas relações e um acordo que concede certa autonomia às áreas de maioria sérvias. A UE decide abrir negociações com o Kosovo sobre um acordo de associação.

2014: Em dezembro é formado um novo Executivo, após seis meses de uma inércia política após as eleições legislativas de junho. Isa Mustafa é eleito premiê e Thaçi como ministro de Relações Exteriores.

2015-2016: A oposição ultranacionalista organiza protestos massivos contra a aproximação com a Sérvia e contra um acordo de demarcação territorial com Montenegro, exigido pela UE para suspender o regime de vistos para cidadãos do Kosovo.

2017: Uma moção de censura derruba o governo em maio. As eleições antecipadas de junho geram um Parlamento muito fragmentado e uma nova paralisação, até que em setembro se chega à formação de uma coalizão de 12 partidos. O ex-comandante guerrilheiro Ramush Haradinaj é eleito primeiro-ministro.

2018: A UE delineia uma nova estratégia para os Balcãs Ocidentais com a perspectiva de “ampliação crível” em troca de diversos requisitos, entre eles o da boa vizinhança, que no caso da Sérvia poderia representar o ingresso no bloco a partir de 2025.

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