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Cientistas descobrem porque esta ilha expele lama há 11 anos

Segundo uma pesquisa, a erupção de sedimentos Lusi, na Indonésia, está conectada a um sistema vulcânico e não tem previsão para cessar

Pesquisadores finalmente desvendaram porque algumas partes da ilha de Java, na Indonésia, estão expelindo lama ininterruptamente há 11 anos: a erupção, conhecida como Lusi, está conectada a um extenso sistema vulcânico, tornando a região, oficialmente, o maior e mais violento vulcão de lama do mundo. Essa descoberta foi publicada na última semana no periódico Journal of Geophysical Research: Solid Earth. Segundo os pesquisadores, a quantidade de lama liberada na região atualmente é de 80.000 metros cúbicos por dia (o equivalente a 32 piscinas olímpicas), obrigando 60.000 indonésios a deixar suas casas.

Os cientistas usaram sismômetros, instrumentos normalmente utilizados para medir a magnitude de terremotos, para fazer um tipo de “radiografia” da terra e mapear a área abaixo de Lusi. As imagens revelaram que a fonte de sedimentos que abastece a erupção está conectada às câmaras de magma do complexo vulcânico Arjuno-Welirang por um sistema de falhas geológicas a seis quilômetros abaixo da superfície. Além disso, os gases expelidos por Lusi são frequentemente encontrados no magma. Segundo os autores da pesquisa, estudar a conexão desses dois sistemas poderia ajudar a entender melhor como os sistemas vulcânicos evoluem, sejam eles uma erupção de magma, lama ou de fluídos hidrotérmicos.

No pico da erupção Lusi, em setembro de 2006, a quantidade de lama fervente expelida era tão grande que poderia encher 72 piscinas olímpicas por dia, afirmam os cientistas. Os indonésios construíram barreiras para conter a lama e salvar os assentamentos e campos de arroz que estavam por perto. Porém, o mar de lama foi capaz de cobrir completamente algumas aldeias, deixando-as a 40 metros abaixo da superfície. Periodicamente, Lusi ainda jorra jatos de rochas e gás no ar como se fosse um gêiser – e, com a nova descoberta de que um sistema vulcânico está abastecendo a erupção, não há estimativa de quando ela deve cessar.

Os pesquisadores descobriram que o vulcão Arjuno-Welirang essencialmente estava “derretendo” os sedimentos ricos em orgânicos embaixo de Lusi. Este processo aumenta a pressão ao produzir gases que ficam presos abaixo da superfície. No caso de Lusi, a pressão foi crescendo até que um terremoto de magnitude 6.3 na escala Richter provocou uma abertura para a superfície e desencadeou uma erupção violenta.

“Mostramos claramente evidências de que os dois sistemas estão conectados no subsolo”, disse o geocientista Adriano Mazzini, da Universidade de Oslo, na Noruega. “O que nosso novo estudo mostra é que todo esse sistema já existia ali – tudo estava carregado e pronto para desencadear [a erupção].”

Java faz parte de um arco de ilhas vulcânicas, formado quando uma placa tectônica se desloca para baixo de outra. Quando a ilha se elevou para cima do nível do mar, os vulcões se formaram ao longo da sua coluna vertebral, com bacias de águas rasas entre eles. A lama de Lusi vem dos sedimentos depositados nessas bacias, enquanto a ilha ainda estava parcialmente submersa debaixo d’água.

Confira um vídeo preparado pela União Geofísica Americana com imagens da erupção Lusi:

 

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