Terreno particular em São Bernardo do Campo foi ocupado no dia 2 por 500 pessoas ligadas ao MTST. Prefeitura diz que aguarda PM fazer reintegração de posse.
Milhares de pessoas ocupam desde o começo do mês um terreno privado em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. São trabalhadores que ficaram desempregados, e sem ter como pagar aluguel, optaram por uma barraca de lona precária. Esse é a segunda mega ocupação organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). A Justiça já determinou a reintegração da posse.
A ocupação fica no bairro dos Pimentas e começou no dia 2 com cerca de 500 pessoas. Segundo o movimento, após 11 dias de ocupação já são 6 mil pessoas. Elas estão vivendo no terreno sem luz, água ou energia e que vão continuar no local apesar da justiça já ter determinado a reintegração de posse da área no dia da ocupação mesmo.
Maria das Dores Cerqueira, coordenadora do MTST, diz que a área está abandonada há mais de 40 anos e não cumpria a sua função social. “Hoje cumpre através das famílias que estão aqui alojadas já que o déficit habitacional de São Bernardo do Campo é de 92 mil famílias sem moradia”, diz.
A primeira providência dos integrantes do movimento foi montar uma cozinha improvisada onde são preparadas quatro refeições por dia: café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. Os alimentos vem de doações.
Talita Nascimento chegou a morar na rua depois que ficou desempregada e deixou os três filhos com a mãe e desde o início da semana mora na ocupação. “Fiquei sem casa, estou desempregada, por isso estou aqui”, diz.
Girlei Souza, também desempregado, mora com a mulher e um bebê de um ano debaixo de uma barraca. Os outros filhos ficaram com uma vizinha.
“Sabe quando você olha pra um lado e olha pro outro e não sabe o que fazer? É assim que eu estou me sentindo”, diz. “É só vergonha, entendeu? É só humilhação. Eu não queria pedir nada pra ninguém, só queria um emprego digno.”
Em nota, a prefeitura de São Bernardo do Campo disse que aguarda que a polícia militar faça a reintegração de posse, autorizada pelo poder judiciário.