Número de ocorrências em trens e plataformas da rede subiu 13% em relação a 2015.
“Cuidado com o vão entre o trem e a plataforma”. O alerta sonoro que ecoa nas estações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) é frequente, mas incapaz de evitar os acidentes. Dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação pela Agência Mural mostram que quase 1 mil aconteceram em embarques ou desembarques de composições em 2016.
Em média, 2,8 milhões de passageiros passam pelas 92 estações das seis linhas da CPTM na capital paulista e em outros 21 municípios de São Paulo. Nos horários de picos, o passo apressado pode ser a chance de um melhor espaço em um vagão apertado, e se a pressa é inimiga da perfeição, da segurança ela também não é muito íntima.
De acordo com os dados da CPTM obtidos pela Agência Mural, o número de acidentes com pessoas subindo ou descendo de plataformas na rede de trens aumentou 13,5% em 2016, na comparação com os doze meses de 2015. A quantidade de acidentes subiu de 871 para 989 de um ano para o outro.
A palavra acidente denota algo inesperado e, talvez, já nem seja a mais adequada para os recorrentes quedas e tropeções de passageiros ocorridos diariamente no transporte sobre trilhos. O índice registrado pelo banco de dados da CPTM representa uma média de quase 3 ocorrências do tipo por dia.
A falta de um padrão na largura do vão entre os trens e as plataformas colabora e muito para tanto. A Agência Mural mediu os espaços em todas as estações a rede e descobriu diferenças gritantes entre algumas delas. Na estação Campo Limpo Paulista, da Linha 7-Rubi, por exemplo, em um lado o vão tem 4 cm e, no outro, 24.
As disparidades não param por aí. Na estação Osasco, da Linha 9-Esmeralda, em um dos lados o vão tem 15 cm e, no outro 34, Já na Estação Aracaré, da Linha 12-Safira, um dos espaços tem 41 cm e, o outro, chega a 46 cm. Ou seja, quase meio metro que o passageiro tem de atravessar em um passada para entrar ou descer do trem.
O secretário de Transportes de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni, diz que a diferença na largura dos vãos é por conta dos trens de carga, que circulam na mesma rede. Para tirá-los do sistema, o governo federal precisaria construir uma nova rede ferroviária contornando a cidade. Enquanto isso não acontece, Pelissioni promete medidas para diminuir o número de acidentes.
“Pretendemos, em cerca de 30 dias, ter a solução. Emergencialmente contratar para a Estação da Luz, porque verificamos que pouco mais da metade dos acidentes ocorre na Luz, que tem um grande movimento. Neste ano ainda pretendemos ter a instalação dos borrachões”. Segundo ele, o equipamento vai reduzir a distância dos vãos e ainda assim permitir a passagem dos trens de carga.