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Falta de equipamentos para obesos faz grávida adiar cesárea em hospital

‘Já era para eu estar com meu filho nos braços’, disse a mulher. Secretaria informou que ela não está em trabalho de parto e passa bem.

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Raquel, de 32 anos, não foi atendida em hospital de São Caetano do Sul por falta de maca e agulha de anestesia para obesos (Foto: Reprodução/Instagram)

Um momento que deveria ser de felicidade se tornou um pesadelo para Raquel Lavrador Patrício, de 32 anos. Grávida de 39 semanas, ela não foi atendida no Hospital Euryclides de Jesus Zerbini, em São Caetano do Sul, no ABC, porque o centro médico não tem materiais específicos para obesos. A gestante, que pesa 160 kg, disse que deveria ter sido internada para fazer a cesárea às 8h desta segunda-feira (8).

“Fiz a triagem e, quando me atenderam, disseram que ligaram no centro cirúrgico e foi informado que a maca não suportaria meu peso”, afirmou. “Não tinham a agulha de anestesia para meu peso”, explicou a mulher, que é proprietária de um estúdio de tatuagem.

Em nota, a Secretaria de Saúde de São Caetano do Sul informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a cesárea não foi considerada de urgência. “Mãe e filho passam bem, estáveis e internados. A paciente em questão fez o pré-natal de alto risco na Rede Municipal de Saúde corretamente. Não se encontra em trabalho de parto até o momento.”

O comunicado acrescenta que a paciente “depende de materiais cirúrgicos especiais e adequados para este procedimento eletivo”. “A maioria dos hospitais, mesmo particulares, dificilmente dispõem desses materiais. As providências foram tomadas e a cesárea acontecerá quando o obstetra de plantão indicar.”

SUS
Raquel fez todo o pré-natal pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e, 15 dias antes da internação, levou ao hospital uma carta do seu médico na qual explicava as necessidades do seu parto. “Eu fui encaminhada para este hospital justamente por ser obesa. Não deveria ser uma surpresa.” O Euryclides de Jesus Zerbini atende pelo SUS.

“Eu não engordei 30 kg do dia para a noite. Eu comecei o pré-natal já com peso acima do que a maca suporta. Eu acreditei que eles tivessem estrutura para me amparar”, disse. “Eu estou em choque. Eu não sei para onde eu vou, que equipe médica vai me atender, em que hospital vai ser.”

A Secretaria da Saúde afirma que houve “desencontro de informações na comunicação do médico ambulatorista da UBS com a obstetrícia do Complexo Hospitalar Municipal”. A nota acrescenta que “o profissional envolvido está sendo advertido e reorientado”.

Filhos
Esta é a terceira gravidez de Raquel. Apesar dos problemas com o hospital, ela conta que foi a gestação mais tranquila. “Na primeira eu era muito nova, trabalhava em shopping, tive que tomar anestesia geral, foi uma gestação bem complicadinha. Já a segunda foi ok, mas ainda trabalhando em shopping, ficando muito tempo em pé.” Acompanhada do marido, Raquel contou que os filhos estão com a avó.

Raquel conta que o que mais a surpreendeu foi o despreparo com pessoas obesas. “Eles simplesmente não sabem lidar com uma pessoa obesa. Eles não têm preparo nenhum. Hoje eu esperava chegar, ser internada, ter um parto tranquilo. Já era para eu estar com meu filho nos braços.”

Na noite de segunda, o marido de Rachel, Ricardo, disse que o hospital conseguiu a maca e o equipamento necessários para a cesariana e que a cirurgia foi remarcada para a manhã desta terça (9).

 
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