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Caixa reduziu inadimplência, diz presidente

Banco criou diretoria para redução de atrasos, com foco em empréstimos imobiliários a empresas, operações corporativas, de infraestrutura e governos.

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Volume de vendas de carteiras de créditos “podres” fez TCU suspender essas operações em junho (Daniel Teixeira/AE/VEJA/VEJA)

A inadimplência da Caixa no primeiro trimestre deste ano acendeu a luz amarela no banco. Mesmo com a venda de carteiras, o nível de atrasos acima de 90 dias fechou em 3,51%, bem próximo à média do mercado, que foi de 3,55%. No segundo trimestre, o banco conseguiu reduzir a inadimplência e se distanciar novamente dos concorrentes privados, antecipou à reportagem o presidente da Caixa, Gilberto Occhi. Os números ainda não foram divulgados.

“Não suportamos uma inadimplência acima da do mercado. Essa redução é talvez o segredo da melhoria do resultado no segundo trimestre. Poderia ser melhor? Sim, se tivéssemos a oportunidade de vender carteiras no mercado”, afirmou.

Entre 2014 e o primeiro trimestre deste ano, a Caixa vendeu 24 bilhões de reais em carteiras de crédito cuja recuperação é considerada difícil, os chamados “créditos podres”. O volume chamou a atenção do Tribunal de Contas da União, que suspendeu essas operações em decisão liminar proferida em junho. Só nos primeiros três meses deste ano, o banco público fez o triplo da soma dessas operações de três principais concorrentes: Banco do Brasil, Bradesco e Itaú Unibanco. Há suspeita que houve ilegalidades no processo, com venda de carteiras que não seriam “podres”, e as investigações do órgão de controle prosseguem desde maio deste ano.

Sem essa opção, o banco investiu em outras frentes. Criou uma diretoria específica para cuidar da redução da inadimplência e das provisões que é obrigado a fazer para cobrir o risco de calotes dos clientes. A provisão contra inadimplência da Caixa cresceu 22% nos primeiros três meses em relação a igual período de 2015.

O nível de calotes no crédito ao consumo das famílias subiu de 5,81% para 6,42% no último ano, mas caiu em relação aos mais de 7% do final de 2015, em parte devido à venda de carteiras de crédito com prestações em atraso, parte delas já baixadas a prejuízo.

Criada 15 dias depois de Occhi assumir a chefia do segundo maior banco do País, a diretoria focou nos maiores clientes, nos empréstimos imobiliários a empresas, em operações corporativas, de infraestrutura e com governos. Nos segmentos de empresas e habitação, os atrasos alcançaram no primeiro trimestre de 2016 níveis recordes desde que o banco passou a ser usado pelo governo como a locomotiva de crédito, logo após a crise de 2008.

Qualquer redução no nível de inadimplência dos financiamentos à casa própria tem impacto significativo no número total porque a carteira imobiliária representa quase 60% do crédito total. “Não é um milagre, é trabalho com foco”, afirmou Occhi.

Depois de ser protagonista na expansão de crédito no Brasil nos últimos anos, com crescimento da carteira até superior a 40% ao ano, a Caixa passa por brusca desaceleração na concessão de empréstimos e financiamentos. Fechou 2015 com aumento de 11,9%, ritmo bem menor do que os 22,4% de 2014 e os 36,8% de 2013. Occhi antecipou que a expansão no segundo trimestre deve ficar entre 7% e 8%, quase o dobro da média verificada entre os concorrentes.

Com a recessão prolongada, a inadimplência aumentou, o que obrigou o banco a fazer provisões maiores para cobrir eventuais calotes. A exigência diminuiu o lucro do banco, que não contará com novas injeções de recursos do Tesouro e depende de lucros retidos para reforçar o capital.

A queda de 46% no lucro do primeiro trimestre foi impactada, principalmente, pela provisão de R$ 700 milhões para as eventuais perdas com a Sete Brasil, empresa criada para construir e fornecer sondas para exploração do pré-sal. A empresa entrou em recuperação judicial no fim de abril, após o fechamento do balanço do trimestre.

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