Mesmo antes do início do inverno, os prontos-socorros do Brasil já registram pacientes com febre alta, dores no corpo e cabeça latejando. Os sintomas mostram que a gripe chegou mais cedo este ano. E o aumento nos casos da gripe A, conhecida também como H1N1, assusta aqueles que estão espirrando pelo Brasil.
Até o dia 19 de março, casos de infecção por gripe A foram detectados em 11 Estados e no Distrito Federal. E 46 mortes, a maioria em São Paulo (38), foram causadas pela doença.
A gripe A é uma doença respiratória aguda e é diferente de uma gripe comum, por ser causada por um subtipo distinto do vírus influenza. O H1N1 traumatizou o mundo ao causar uma pandemia em 2009, com mais de 50 mil casos registrados e cerca de 2 mil mortes.
A doença é transmitida de pessoa a pessoa pelo contato com secreções respiratórias e causa febre alta, dificuldades respiratórias, coriza, dor de garanta, mal-estar e fortes dores no corpo e na cabeça. Mas não é preciso entrar em pânico, existem meios para evitar o contágio e, na maioria dos casos, a doença não é grave.
Veja como se proteger da influenza A:
Existe vacina contra a gripe A?
Sim, a vacina contra o H1N1 é a conhecida vacina contra a gripe e existem dois tipos diferentes. Uma das vacinas é trivalente, ou seja, imuniza contra três tipos distintos do vírus influenza (gripe). Além desta, existe também uma vacina tetravalente, contra quatro tipos de vírus.
Qual a diferença entre as duas vacinas?
A vacina trivalente, distribuída na rede pública, combate os vírus tipo A H1N1, tipo A H3N2 e o vírus do tipo B, de gripe comum. Já a vacina tetravalente, aplicada apenas em clínicas particulares, tem proteção contra duas linhagens da gripe A e duas linhagens da gripe B.
Onde posso tomar?
A vacina trivalente é distribuída gratuitamente em postos de vacinação da rede pública, mas apenas para grupos considerados de risco, como crianças, grávidas e idosos. A tetravalente é aplicada em laboratórios particulares, com diferentes composições, e pode custar de R$ 100 (Lavoisier) a R$ 230 (Fleury, em SP).
Vacina pode ser tomada por qualquer pessoa?
A partir dos seis meses de idade, todos podem tomar a vacina. No sistema público, a vacina só é distribuída para públicos mais vulneráveis à doença: gestantes, crianças até os cinco anos, pessoas com doenças crônicas, idosos, índios, trabalhadores da saúde e mulheres que tiveram filho nos últimos 45 dias. Segundo o Ministério da Saúde, a gripe A é superada por pessoas saudáveis após poucos dias de tratamento sem grandes riscos.
E se eu quiser tomar a vacina mesmo assim?
Se você está fora do público-alvo, é preciso buscar uma clínica particular para conseguir a vacina contra os vírus da gripe. Dependendo do laboratório, há restrição para crianças menores de três anos e pode ser preciso apresentar um pedido médico.
Há efeitos colaterais?
Aplicada por injeção, a vacina pode causar desconforto no local da aplicação, e um mal-estar leve e passageiro (no máximo 24 horas após a aplicação), como se fosse o início de um resfriado, habitualmente sem sintomas respiratórios. “É impossível que a vacine ‘cause gripe’, visto que é composta apenas por vírus inativados”, explica a infectologista Carolina Lázari, do laboratório Fleury.
As vacinas contra a gripe estão disponíveis todos os meses?
Os medicamentos não ficam nos centros de vacinação o ano todo. Se você estiver dentro do grupo de risco, a campanha de vacinação do Ministério da Saúde começa no dia 30 de abril e vai até o dia 20 de maio. Porém, alguns Estados anteciparam o período de vacinação, como São Paulo (início em 11 de abril na capital e região metropolitana). Nos laboratórios particulares, as vacinas costumam chegar entre março e abril.
Vacinas de 2015 ainda pode ser aplicadas?
A composição das vacinas é renovada sempre para acompanhar as mutações dos vírus. Porém, o H1N1 tem a mesma “forma” desde 2009, o que faz com que a vacina de 2015 continue sendo eficaz contra a gripe A –e por isso foi distribuída no noroeste de SP. As outras duas cepas da vacina de 2015, contra o tipo A H3N2 e o da gripe comum, foram atualizadas em 2016. Quem tomou a vacina de 2015 este ano deverá tomar novamente a versão mais nova 30 dias depois.
Quanto tempo demora para a vacina fazer efeito?
A proteção se inicia depois de pelo menos 14 dias após a aplicação, e se torna mais eficiente depois de 30 dias. Pessoas que se vacinam anualmente costumam ter resposta mais rápida. Pessoas com diminuição da imunidade (HIV, transplante, em uso de quimioterapia) podem responder mais lentamente.
Ao tomar a vacina fico imune à gripe por quanto tempo?
O medicamento garante uma imunização de 8 a 12 meses, dependendo do organismo do paciente. Por isso é recomendado tomar uma dose por ano. É importante ressaltar que se a pessoa tomou a vacina trivalente e deseja tomar também a tetravalente se recomenda um período de 30 dias entre as doses.
Em um momento de surto, é necessário tomar a vacina?
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo afirma que para quem está dentro do público-alvo é importante se vacinar. Para os outros, a vacina é opcional e vista como prevenção. A gripe A não é mais uma doença desconhecida como em 2009, atualmente se sabe mais sobre ela e é possível medicar e tratar os infectados.
Existem outras maneiras de prevenir?
Para redução do risco de adquirir ou transmitir a gripe A, o Ministério da Saúde orienta que sejam adotadas medidas como: lavar e higienizar as mãos, principalmente antes de consumir algum alimento; utilizar lenço descartável para higiene nasal; cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir; evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca; higienizar as mãos após tossir ou espirrar; e não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres e copos.