Construtora também terá de repatriar dinheiro desviado do exterior, além de se comprometer a narrar fatos novos
O acordo da Odebrecht com as autoridades responsáveis pela Operação Lava Jato deverá envolver o pagamento de uma multa de, no mínimo, 1 bilhão de reais, além de eventual repatriação de dinheiro desviado para o exterior, segundo reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico, nesta quinta-feira.
A empresa também terá que se comprometer a narrar fatos novos, que ainda não foram descobertos pelas autoridades. A companhia terá que ir muito além das empreiteiras que já assinaram acordos deste tipo, como a Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez.
A Camargo está pagando 700 milhões de reais, que foram parcelados em nove anos, enquanto a Andrade vai desembolsar mais de 1 bilhão de reais. Pela lógica, a Odebrecht terá que pagar mais do que ambas as companhias que a precederam. Ela é a terceira grande empreiteira que busca esse tipo de acordo.
Como surgiu com a intenção após a Camargo e a Andrade, num processo em que se recusou a colaborar com as autoridades, a sua pena deverá ser maior. A Odebrecht terá que contribuir com novas informações não apenas sobre casos já delatados pelas companhias que a antecederam.
Em termos de fatos novos, a Camargo revelou fraudes nas obras da usina nuclear Angra 3 e a Andrade trouxe elementos às investigações nas obras para a construção da usina de Belo Monte, na ferrovia Norte-Sul e na construção de estádios para a Copa do Mundo de 2014.
A Odebrecht provavelmente será questionada a respeito de obras feitas com apoio do BNDES no exterior, das viagens que pagou ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de repasses a investigados em contas em outros países.
Quando empresas se comprometem a revelar casos novos, as autoridades exigem que elas entreguem documentos capazes de comprová-los em juízo. Por isso, a expectativa é a de que um eventual acordo com a Odebrecht aumente ainda mais o número de atingidos pela Lava Jato.
A condenação de Marcelo Odebrecht a mais de 19 anos de prisão, a detenção de outros executivos da companhia, a descoberta de um setor responsável pelo pagamento de propinas e de planilhas com nomes de recebedores são fatores que pesam a favor dos negociadores.