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Luz visível de buraco negro é detectada pela primeira vez

Segundo pesquisadores, o brilho observável por um telescópio comum é resultado da explosão liberada por gases de estrela ao serem sugados pelo buraco negro V404 Cygni

"É interessante notar que a massa deste buraco negro é de 9 massas solares, o que o torna bem diferente dos buracos supermassivos que existem no centro das galáxias", explicou o físico Gustavo Rojas, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
“É interessante notar que a massa deste buraco negro é de 9 massas solares, o que o torna bem diferente dos buracos supermassivos que existem no centro das galáxias”, explicou o físico Gustavo Rojas, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Durante anos se pensou que os buracos negros pudessem ser observados apenas com telescópios sensíveis a raio-x e raios gama. No entanto, uma recente descoberta mostrou, pela primeira vez, que telescópios comuns, como aqueles que entusiastas da astronomia costumam ter em casa, podem detectar um buraco negro quando a matéria ao seu redor emite flashes de luz ao ser sugada.

O fenômeno foi detectado por pesquisadores japoneses que observavam o buraco negro V404 Cygni, localizado a 7.800 anos-luz da Terra. O V404 Cygni possui uma estrela vizinha menor que o nosso Sol e ambos se rodeiam em um movimento que se completa a cada seis dias e meio. Essa trajetória circular da estrela deixa um “rastro” de gás.

Em artigo publicado na revista Nature, Mariko Kimura, da Universidade de Kyoto, explicou que a gravidade causada pelo buraco negro foi tão grande que parte do material deixado pela estrela foi sugado, liberando uma explosão radioativa que produziu luz visível – que pôde ser capturada pelos telescópios comuns na Terra.

“É interessante notar que a massa deste buraco negro é de 9 massas solares, o que o torna bem diferente dos buracos supermassivos que existem no centro das galáxias, que possuem massas milhões de vezes maiores que o Sol”, explicou o físico Gustavo Rojas, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Devoradores? – A descoberta veio quando astrônomos discutem a reputação dos buracos negros diante de novas observações. Recentemente, os cientistas detectaram um buraco negro localizado no coração da galáxia NGC 5195 expelindo duas grandes nuvens de gás – em uma curiosa inversão da natureza “devoradora” dos buracos negros.

De acordo com os astrônomos, as grandes nuvens foram resultado de uma súbita ingestão do material que estava ao redor do buraco negro, em uma galáxia vizinha, muito maior que a NGC 5195. “Aparentemente, buracos negros podem ‘arrotar’ após suas refeições”, explicou o astrônomo que liderou as pesquisas, Eric Schlegel, da Universidade do Texas, à NASA (agência espacial americana). Segundo os pesquisadores, a explosão gerou material suficiente para a formação de novas estrelas.

“É comum aos grandes buracos negros expelirem gases, mas é raro ter uma visão tão próxima destes acontecimentos”, afirmou Schlegel. Utilizando imagens de raio-x do Observatório Chandra, da NASA, e imagens óticas do Observatório Nacional Litt Peak, o astrônomo e sua equipe conseguiram ver os dois arcos de gás, seguido de uma fina camada de um frio gás de hidrogênio. Segundo eles, isto sugere que um gás mais quente tenha varrido o hidrogênio mais frio de dentro da galáxia.

O fenômeno parece indicar que, ao contrário de sua fama, o buraco negro também é capaz de criar estrelas, ao invés de apenas destruí-las.

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