Na capital paulista, foram comercializados 1.042 residenciais novos, contra 2.588 em junho, o menor patamar para o mês desde 2004.
Já os lançamentos atingiram 825 unidades, contra uma média de 2 mil para o mês nos últimos cinco anos, nível que não era observado desde julho de 2005.
“A crise de confiança da economia afeta o mercado imobiliário nas duas pontas. Os empresários não têm segurança para lançar empreendimentos. Os consumidores ouvem todo dia notícias negativas e não têm certeza mais sobre a estabilidade do emprego”, avalia Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.
No acumulado do ano, há praticamente um empate entre o número de imóveis vendidos e a entrada de unidades no mercado: 10.478 unidades lançadas e 10.700 comercializadas.
O cenário é bem diferente do observado no ano passado, quando os lançamentos somavam 12.901 unidades, mostrando uma folga de 31,7% em relação às vendas (9.790 unidades).
Na avaliação de Petrucci, o fraco desempenho nos lançamentos acaba influenciando as vendas. Ele sustenta que o maior volume de negócios fechados ocorre justamente na estreia dos empreendimentos, onde há maior esforço de marketing.
Apesar do desempenho fraco, o economista diz que ainda espera resultados melhores para o segundo semestre, historicamente mais movimentado do que o início do ano.
Por isso, Petrucci manteve as projeções da entidade, revisadas em abril, que apontam para a entrada de 25 e 26 mil novas unidades no mercado. Já o volume de vendas deve atingir entre 18 mil e 19 mil unidades.
Valor baixo
Além do desaquecimento do setor imobiliário, chama a atenção a preferência dos consumidores por imóveis com preço mais reduzido. “O que o mercado está vendendo hoje são os produtos com um tíquete médio mais baixo, para quem tem necessidade de compra efetivamente”, diz.
Em julho, 81,2% dos imóveis comercializados eram de um ou dois dormitórios. No caso do dois dormitórios, que responderam por quase metade das vendas e lideraram em participação, o preço médio foi de R$ 358 mil.
O economista ainda avaliou que a terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida, lançada sem alarde pelo governo ontem, pode dar algum impulso ao setor imobiliário. “Esperamos que o programa tenha o mesmo efeito contracíclico de quando foi lançado.”