O prefeito Fernando Haddad (PT) disse na tarde desta sexta-feira (23) que a situação da crise hídrica é grave e não se deve “criar factoides” sobre o assunto. A declaração foi dada em resposta ao pedido do vereador Gilberto Natalini (PV) em cancelar o Carnaval devido à falta d’água na cidade.
O prefeito disse que não teve conhecimento do pedido e que não sabe se algum documento foi protocolado na Prefeitura. Inicialmente, após ser questionado se iria aderir a sugestão do vereador, Haddad disse que encaminharia o documento aos órgãos estaduais. “Nós vamos encaminhar para a Arsesp e para a Sabesp, que são os órgãos responsáveis por qualquer determinação”.
Ao ser indagado novamente sobre a medida que a Prefeitura tomaria, já que é de responsabilidade da administração municipal a organização do Carnaval de rua e no Sambódromo do Anhembi, disse que iria tomar conhecimento da solicitação.
“A própria imprensa ficar dando curso para pessoas que querem mais aparecer do que ajudar a resolver, acho que não vamos caminhar. A gente tem que ter um pouco de respeito com a população e não criar factoide, isso não vai ajudar. A situação é grave, todos estão acompanhando, todos têm expectativa que as autoridades competentes possam se unir em torno da solução do problema”, afirmou o prefeito.
Haddad também criticou o fato da imprensa repercutir esse tipo de assunto. “Ai a imprensa fica dando vazão a factoides sem embasamento técnico, sem estudo técnico”, declarou o prefeito durante inauguração do Hospital Dia São Miguel, na Zona Leste de São Paulo.
O vereador Gilberto Natalini (PV), que também encaminhou o pedido ao governo do estado, alega que a festa ameaça o abastecimento de água na Região Metropolitana porque atrai milhares de turistas. Segundo a SPTuris, a cidade recebe em média 120 mil turistas no carnaval. Nesta sexta-feira, após a manifestação de Haddad, ele contestou a ideia de que esteja criando factoides.
“Eu não sou vereador de factóide. Tenho 45 anos de trabalho e de dedicação à minha cidade. O colapso da água é iminente. O prefeito não tomou nenhuma medida preventiva ou de precaução contra essa crise da água. Além de não tomar nenhuma medida concreta, ainda permitiu ocupações nas margens das represas Billings e Guarapiranga, atacando os mananciais de São Paulo. Tenho 45 anos de luta popular na cidade de São Paulo”, disse o vereador. “A água vai acabar na cidade de São Paulo e na Grande São Paulo. Se não fosse acabar a água, eu não faria uma proposta dessa. É preciso tomar medidas duras”, completou.
Segundo Natalini, que também preside a Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo, os grandes eventos realizados na capital devem ser repensados de imediato porque também estimulam o consumo de água e sobrecarregam os sistemas de abastecimento, que já estão comprometidos.
“A única solução imediata para a crise neste momento é a economia nas torneiras. São Paulo tem uma série de grandes eventos, e o que eu peço para a Prefeitura e para o governo do estado é que repensem essa agenda até que a situação seja resolvida. É uma situação que passou de preocupante para uma calamidade pública”, disse o vereador.
Posturas municipais
Para o prefeito, o importante é discutir as posturas municipais que devem ser adotadas durante a crise hídrica. Está marcada uma reunião para o próximo dia 28 entre os prefeitos das 30 cidades da região metropolitana que são abastecidas pela Sabesp com o novo secretário de Recursos Hídricos.
“A gente está em dúvida como vai funcionar a operacionalização dessa lei”, afirmou. Haddad irá encaminhar um projeto de lei para a Câmara que prevê a aplicação de multa para quem desperdiçar água lavando carros e calçadas com mangueira.
Fonte: G1