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Atividades de promoção de cultura de paz são prioridade nas escolas públicas do DF

A construção de um ambiente sem violência é um desafio vencido à base de muito diálogo. Na comunidade escolar, essa realidade é ainda mais complexa. Em uma sociedade onde o bullying e sua prática online — cyberbullying — se mostram cada vez mais presentes, as escolas desempenham um importante papel na promoção da paz, da cidadania, da solidariedade, do respeito ao pluralismo e à diversidade em todas as vertentes.

Ciente da função social exercida pelas instituições de ensino, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) promove uma série de iniciativas para conscientizar a comunidade escolar e combater a prática do bullying, considerada crime pela lei nº 14.811, de 12 de janeiro de 2024.

O trabalho do GDF pela cultura de paz nas escolas envolve várias secretarias, como as de Educação, Saúde e Segurança Pública | Foto: Geovana Albuquerque/ Agência Brasília

Dar voz aos alunos, privilegiar o diálogo e promover estratégias de mediação para resolver conflitos são algumas das iniciativas adotadas pela rede para promover a cultura de paz e fortalecer o cotidiano da comunidade escolar.

“O trabalho que a gente vem desenvolvendo é o de prevenção, mediação de conflitos e restauração de relações. Nós temos conversas, atividades artísticas e esportivas, palestras, formação dos professores e outros inúmeros projetos de conscientização sobre o tema. As escolas têm total autonomia para implementar no plano pedagógico outros programas e ações para combater o bullying”, afirmou a chefe da Assessoria Especial de Cultura da Paz nas Escolas da SEEDF, Ana Beatriz Goldstein.

“O trabalho que a gente vem desenvolvendo é o de prevenção, mediação de conflitos e restauração de relações”

Ana Beatriz Goldstein, Assessora Especial de Cultura da Paz nas Escolas

Atualmente a rede pública conta com atividades desenvolvidas dentro da sala de aula para diminuir os casos de bullying. Algumas delas são a Arteterapia na Convivência Escolar e Cultura de Paz, programa do Centro de Ensino Fundamental 16 de Taguatinga que prioriza atividades arteterapêuticas no contexto escolar para a convivência escolar e promoção da cultura de paz; e o Bang-Bang: você morreu, realizada no Centro de Ensino Médio Elefante Branco que deriva de uma peça contemporânea sobre campanhas antibullying, antiarmas e antissuicídio.

Trabalho integrado

Além da Secretaria de Educação, outras pastas do GDF se juntam para executar ações efetivas de promoção da paz no ambiente escolar. No âmbito da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), foi elaborado o Protocolo de Operações Integradas (POI), no qual são estabelecidas orientações gerais advindas das forças de segurança para mitigar os resultados de possíveis ataques de violência nas escolas.

A segurança nas escolas também está presente no programa DF Mais Seguro, coordenado pela SSP-DF. O Eixo 2 da iniciativa prevê ações de prevenção e combate à violência nas unidades de ensino, bem como a garantia de um espaço saudável para colaborar no desenvolvimento dos estudantes.

Os profissionais da Saúde atuam no acolhimento e tratamento físico e psicológico de crianças e adolescentes envolvidos na prática

Já a Secretaria de Saúde (SES-DF) trabalha lado a lado com a SEEDF. Os profissionais da pasta atuam no acolhimento e tratamento físico e psicológico de crianças e adolescentes envolvidos na prática. As ações são ampliadas para dentro das escolas também. Os centros infantojuvenis promovem o projeto Capsi Vai às Escolas, que tem bate-papo com alunos, instrução a professores e brincadeiras para divulgar o tema saúde mental.

“O objetivo é trabalhar valores, princípios, afetuosidade e respeito. As atividades preventivas vêm sendo feitas com muito zelo e cuidado por meio de uma robusta rede de parceiros, como SES, SSP, Ministério Público do DF e Territórios e Secretaria de Justiça e Cidadania. Nós levamos para o ambiente escolar ações que sejam de caráter pedagógico de forma interdisciplinar e transversal sobre a temática do bullying”, revelou Ana Beatriz.

É crime

Em janeiro, foi sancionada a lei federal nº 14.811 que criminaliza a prática, tipificando os crimes de “intimidação sistemática (bullying)” e “intimidação sistemática virtual (cyberbullying)”

O 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelou que, em 2021, 38% das 74 mil escolas pesquisadas confirmaram a existência de bullying entre os alunos.

Em janeiro, foi sancionada a lei federal nº 14.811, que criminaliza a prática, tipificando os crimes de “intimidação sistemática (bullying)” e “intimidação sistemática virtual (cyberbullying)”. As penas podem ir de multa a reclusão de quatro anos, se não for identificado outro crime mais grave decorrente da prática.

Trabalho voluntário

Lair França percorre pontos como escolas, parques e bibliotecas contando histórias antibullying: “Como fui vítima de bullying na minha adolescência, eu carrego marcas. Eu não gostaria que mais gente sofresse com isso”, conta | Foto: Arquivo pessoal

Lair Franca, de 63 anos, é professora aposentada da rede de ensino. Desde que parou de trabalhar diretamente dentro das salas de aula, ela adotou outra profissão: a de contadora de histórias. Desde 2012 ela percorre as escolas públicas e privadas do DF contando histórias e levando brincadeiras lúdicas que conscientizam sobre a prática do bullying.

“Essas atividades fazem toda a diferença, porque permitem que a gente discuta temas mais polêmicos e de difícil abordagem de uma forma leve e lúdica. Utilizamos as narrativas das histórias e as brincadeiras para levar temas de uma forma mais gostosa e interessante para a criança”, defendeu Lair.

Nos últimos quatro anos, a contadora de histórias esteve em 59 escolas, bibliotecas, parques, feiras e shoppings. O trabalho exercido por Lair neste período impactou positivamente mais de 20 mil crianças.

“A contação de histórias traz um ganho enorme na vida dos estudantes porque os torna leitores pensantes críticos. Como fui vítima de bullying na minha adolescência, eu carrego marcas. Eu não gostaria que mais gente sofresse com isso. Por isso, procuro atingir o maior número possível de estudantes com as minhas histórias”, concluiu.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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