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‘Viagem totalmente justificada’, afirma Ernesto Araújo sobre ida de Bolsonaro ao funeral de Elizabeth II

Ex-ministro das Relações Exteriores acredita que a ida ao Reino Unido é importante para estreitar as relações com o Brasil

Jair Bolsonaro (PL) anunciou que vai comparecer ao funeral da rainha Elizabeth II

O presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou que irá à Inglaterra para acompanhar o funeral da rainha Elizabeth II na próxima segunda-feira, 19, e no dia seguinte vai discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque. Para analisar esse momento da política externa brasileira, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, recebeu o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O ex-chanceler acredita que a ida ao Reino Unido é importante para estreitar as relações com o Brasil: “É uma viagem totalmente justificada, nós temos uma relação profunda com o Reino Unido. O Reino Unido foi talvez o primeira país a reconhecer a independência do Brasil porque no dia 11 de novembro de 1822, quando foi hasteada pela primeira vez a bandeira do império pelos navios da marinha brasileira no posto do Rio de Janeiro, havia um navio britânico que saudou a bandeira brasileira com uma salva de tiros. De certa forma é um reconhecimento. Isso é muito simbólico, assim como o fato de que a última mensagem da rainha foi para o Brasil, no dia da independência. É algo que cria esse tipo de vínculo simbólico”. Araújo também rejeitou a ideia que a viagem teria um intuito eleitoral de melhorar a imagem que o eleitorado tem das relações internacionais brasileiras.

“Essa coisa de pária internacional nunca existiu no governo Bolsonaro, isso é uma coisa usada apenas pela imprensa brasileira de oposição. O mundo inteiro olha para o Brasil de outra maneira. Quem planta ideia de que pode ter golpe e uma violência desmedida no Brasil é a imprensa de oposição brasileira e isso repercute lá fora. A presença do presidente pode sempre mostrar que ele é uma figura extremamente popular no Brasil, como se viu no 7 de setembro. O Brasil é um país que tem uma presença no mundo, provavelmente muito maior do que em anos anteriores”, defendeu o ex-ministro. Ernesto Araújo também projetou uma boa relação entre o chefe de Estado britânico e o presidente do Brasil: “O Rei Charles III vem com uma agenda ambiental e a questão da Amazônia, que é um tema evidentemente muito importante na nossa política externa. Portanto, a gente tem que ver qual é o tom que isso pode dar na política externa britânica. O presidente Bolsonaro já esteve com o então príncipe Charles em uma reunião que tivemos em Tóquio, na entronização do imperador do Japão. Foi uma reunião muito boa, Charles sempre muito respeitoso com a soberania brasileira e querendo cooperar com proteção ambiental de maneira suave e muito tranquila. Então acho que isso pode ser um bom sinal”.O ex-ministro das Relações Exteriores ponderou que é muito difícil que a viagem mude certos estigmas que o governo Bolsonaro carrega internacionalmente: “Tentar é sempre bom. Acho difícil que se consiga. A gente tem visto na imprensa internacional a ideia de que existe um risco de golpe ou que existe uma violência desmedida na campanha eleitoral brasileira. O presidente certamente pode tentar falar com jornalistas para acalmar isso. Mas nunca se sabe, tem pessoas que escutam e mudam de opinião ao serem confrontadas com a realidade, outras tem uma agenda. Acho que tem que tentar”. A respeito do discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, Araújo acredita que o discurso deve focar na pauta ambiental e na defesa da democracia: “Imagino essa coisa de reafirmar o compromisso democrático, reafirmar que estamos em um momento de total normalidade institucional, embora com uma grande polarização, como se diz, mas polarização faz parte da política. Tentar dissipar um pouco isso e também o tema ambiental e outros temas que são tão presentes no mundo. Mas é difícil quando você tem uma imagem já feita, Mesmo quando imagens reais chegam, o ser humano tem um processo de dissonância cognitiva e não aceita… É difícil, mas sempre é uma oportunidade das pessoas de boa fé, ao ouvirem o presidente, pensarem no que realmente está acontecendo no Brasil e, a partir de fontes idôneas, podem mudar de posição”.

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