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Após dois anos, a nova rotina nas escolas públicas do DF

Com participação 100% presencial e o desafio de recuperar a defasagem, comunidade volta às aulas. No Centro de Ensino Fundamental 1 da Vila Planalto, criançada está empolgada

Emanuella Victória de Carvalho de Souza, 10 anos, quase não dormiu na noite de domingo para segunda-feira (14). O motivo foi a ansiedade para voltar a estudar presencialmente após um período no formato remoto. Assim como ela, mais de 430 mil estudantes do Distrito Federal retornaram às salas de aula da rede pública para iniciar mais um ano letivo, seguindo todos os protocolos contra a covid-19.

Laudelino comemora o retorno presencial também devido à questão da aprendizagem da filha, Emanuella Souza, que acabou sendo prejudicada com o sistema remoto, considerado por ela muito complicado | Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília

“Ontem ela estava muito ansiosa e feliz. Eu tive que falar ‘vai dormir, menina’. Para ela, voltar a estudar é restabelecer o convívio”, afirma o pai da jovem, Laudelino Caetano de Souza, que fez questão de levar a garota ao primeiro dia de aula no CEF 01 da Vila Planalto. Além da sociabilidade, Laudelino comemora o retorno presencial também devido à questão da aprendizagem da filha, que acabou sendo prejudicada com o sistema remoto. “Ela teve dificuldade para estudar, porque online é complicado”, acrescenta. Manu, como é chamada pelo pai, confirma: “Eu estava ansiosa pelo convívio [com os professores e estudantes]. Vai ser muito mais fácil [aprender os conteúdos]”.

“Expliquei para estarem sempre lavando as mãos e coloquei mais máscaras na mochila. Espero que corra tudo bem e que a gente possa alcançar o objetivo, que é voltar às aulas normais, conta Josiane Barbosa, autônoma, mãe de três filhos”

Auxiliar de serviços gerais, Ingrid Guimarães é mãe de Ícaro Silva, 11 anos, que iniciou o ano letivo no quinto ano no CEF 01 da Vila Planalto. Ela comenta que percebeu uma queda no rendimento escolar do filho e que teve dificuldades de ajudá-lo. Por isso, acredita na importância das aulas 100% presenciais. “Em relação à educação, o conhecimento dele diminuiu bastante. Então, espero que seja sempre presencial agora”, afirma.

Mãe de três filhos, a autônoma Josiane dos Santos Barbosa conta que o período pandêmico foi difícil tanto para ela, quanto para as crianças. “Sem aula presencial, sem criança estudando, é muito complicado. A gente teve que fazer uma nova rotina. Dificultou muito as coisas. Mas esse retorno vai facilitar minha vida como mãe”, explica.

Josiane diz que preparou as duas filhas que estudam no CEF 01 da Vila Planalto, Julia (5), e Ana Clara (14), para seguirem os protocolos contra o coronavírus. “Expliquei para estarem sempre lavando as mãos e coloquei mais máscaras na mochila. Espero que corra tudo bem e que a gente possa alcançar o objetivo, que é voltar às aulas normais”, revela.

Nilce Coimbra, diretora do CEF 01 da Vila Planalto, diz que a maior preocupação para o retorno presencial está ligada ao fator pedagógico: “Vamos correr atrás do que perdemos” | Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília

Corpo docente

“Toda nossa esperança e esforço é para que a gente consiga apanhar os alunos de onde estão e realmente recuperar esse tempo. Temos que acompanhar de onde estão e firmar as bases para dar o prosseguimento melhor possível”, destaca Maria de Fátima Fernandes, professora

Com mais de 25 anos de trajetória na rede pública, a diretora Nilce Pereira Coimbra, do CEF 01 da Vila Planalto, admite que estava com uma “saudade enorme” de ver a escola repleta de alunos. Ela fez questão de receber todos na porta, com álcool em gel e orientando sobre os protocolos.

“Passamos por essa questão do híbrido, que foi necessária. Mas todos eles [estudantes e professores] estavam esperançosos em voltar”, conta. Segundo Nilce, a maior preocupação para o retorno presencial está ligada ao fator pedagógico. “Vamos correr atrás do que perdemos. São dois anos que a gente ficou assim. Dá para recuperar em quanto tempo? Nós temos um cálculo de dois a três anos”, diz.

A diretora explica que isso acontece porque os estudantes tiveram que passar de ano em 2020 e 2021 mesmo com deficiências nos conteúdos. “Os alunos não podiam ser prejudicados pelo o que aconteceu. Então, nós temos alunos, por exemplo, que não foram alfabetizados e estão no terceiro ano. Por conta do ciclo, eles acabam passando. Agora, temos que recuperar”, analisa.

A professora Maria de Fátima Silva Fernandes tem 35 anos de experiência na rede pública e teve que enfrentar adversidades na pandemia. “Foi muito complicado. Eu, particularmente, não sou muito hábil com a tecnologia. Então foi um aprender junto realmente”, comenta.

A educadora diz que, desde o ano passado, os professores perceberam a defasagem dos estudantes que voltaram do formato remoto. “Toda nossa esperança e esforço é para que a gente consiga apanhar os alunos de onde estão e realmente recuperar esse tempo. Temos que acompanhar de onde estão e firmar as bases para dar o prosseguimento melhor possível”, defende Maria de Fátima. “Vai ter que ser uma força-tarefa muito grande, constante, bem planejada e bem preparada para a gente conseguir alcançar a todos. Nenhum para trás, nunca”, completa.

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