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Peru registra 2 mortes após ondas anormais causadas pelo vulcão em Tonga

Mais de 20 portos peruanos foram temporariamente fechados como medida de precaução em meio a alertas de que o vulcão estava causando ondas anormalmente altas

Duas pessoas morreram afogadas em uma praia no norte do Peru, informou a autoridade de defesa civil local neste domingo, 16, depois que ondas excepcionalmente altas foram registradas em várias áreas costeiras após a erupção de um vulcão subaquático no sábado, 15, em Tonga, no Oceano Pacífico. A morte de duas pessoas por afogamento ocorreu no sábado em uma praia localizada na região de Lambayeque, informou o Instituto Nacional de Defesa Civil (Indeci) do Peru, em comunicado.

A polícia peruana disse no Twitter que as duas vítimas foram encontradas mortas por policiais de uma delegacia da praia de Naylamp. O tweet dizia que “as ondas eram anormais” na área e que havia sido declarada imprópria para banhistas.

O vulcão submarino em Tonga entrou em erupção no sábado, provocando alertas de tsunami e ordens de retiradas no Japão, além de enormes ondas em várias ilhas do Pacífico Sul, onde imagens nas redes sociais mostram o mar batendo contra casas na costa.

Mais de 20 portos peruanos foram temporariamente fechados como medida de precaução em meio a alertas de que o vulcão estava causando ondas anormalmente altas, afirmou o Indeci.

Imagens de TV mostraram várias casas e empresas inundadas pela água do mar em áreas costeiras no norte e centro do Peru. A Marinha peruana informou que um alerta de tsunami foi descartado para o país da costa do Pacífico.

No Japão, centenas de milhares de pessoas foram aconselhadas a evacuar áreas no domingo, quando ondas de mais de um metro atingiram áreas costeiras, informou a emissora pública NHK.

Capital coberta por cinzas

Ainda não é possível conhecer a extensão dos dados da erupção em Tonga, pois a comunicação está prejudicada depois que as linhas de comunicação sofreram cortes. Ainda assim, um relatório preliminar do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, aponta que a capital Nuku’alofa “está coberta por uma camada de dois centímetros de cinza e poeira vulcânica”.

“No entanto, a situação na cidade é calma e estável e os primeiros esforços de limpeza estão sendo feitos”, completa o documento. “A orla de Nuku’alofa está seriamente danificada com rochas e detritos jogados pelo tsunami. No geral, parece haver danos significativos na infraestrutura ao redor de Tongatapu, a ilha principal.”

Segundo o documento, o governo de Fiji está monitorando a qualidade do ar, “pois existe a possibilidade de que a nuvem de cinzas se aproxime ainda mais do país. A população foi aconselhada por precaução a cobrir todas as caixas d’água domésticas e permanecer dentro de casa em caso de chuva, devido ao risco de as precipitações se tornarem ácidas.”

O escritório destaca que “a comunicação ainda é a questão mais desafiadora, pois a Internet e as linhas telefônicas internacionais ainda estão fora de serviço”.

“Os telefones por satélite são o único instrumento confiável para comunicação com o exterior, mas também nem sempre funcionam de maneira confiável. No entanto, os sistemas telefônicos locais foram restaurados. A energia também foi restaurada em partes da capital.”

Voo de reconhecimento

Austrália e Nova Zelândia enviaram nesta segunda-feira, 17, aviões militares de reconhecimento a Tonga para avaliar os danos causados pela erupção. O Alto Comissariado da Nova Zelândia em Tonga disse em comunicado hoje que há relatos de “danos significativos” na costa oeste de Tongatapu, a principal ilha do país, incluindo a área costeira com hotéis na capital, Nuku’alofa.

Ele acrescentou que as autoridades estão trabalhando para restabelecer as comunicações cortadas pela erupção e pelo tsunami. O Alto Comissariado da Nova Zelândia disse em sua página no Facebook que “as comunicações são limitadas”.

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou hoje o envio de uma aeronave de reconhecimento P3K Orion e anunciou que outra aeronave Hércules C-130 levará ajuda para Tonga – um país remoto de 169 ilhas e 105.000 habitantes no Pacífico Sul.

“O que o Orion está fazendo é um reconhecimento, como os australianos estão fazendo, uma avaliação do ar”, disse Ardern em entrevista coletiva. A presidente explicou que conseguiu entrar em contato com as autoridades tonganesas por telefone via satélite e que ainda não chegou nenhuma informação sobre as vítimas, embora tenha alertado que ainda é cedo para saber a extensão dos danos devido à comunicação limitada.

A Austrália também anunciou o envio de um avião de reconhecimento e outro com suprimentos de ajuda aos afetados pelo vulcão submarino Hunga Tonga Hunga Ha’apai, que causou uma nuvem de 260 quilômetros de diâmetro que complica as tarefas de reconhecimento e assistência.

As autoridades de Tonga, onde o serviço de eletricidade já foi restabelecido, também enviaram navios da Marinha para as áreas mais remotas deste arquipélago. “Nas próximas horas e dias, teremos uma imagem mais clara da situação em Tonga, bem como no resto do território do Pacífico Azul”, disse o presidente do Fórum do Pacífico, Henry Puna, em comunicado na segunda-feira.

Por sua vez, a Federação Internacional da Cruz Vermelha disse que está trabalhando com equipes no terreno para organizar a entrega de ajuda às pessoas afetadas, incluindo água potável.

Danos a cabo subaquático

O vulcão, localizado a 65 quilômetros ao norte da capital tonganesa, expeliu vapor e cinzas a grande altitude e criou um tsunami, danificando o cabo submarino que leva as conexões de internet de Fiji. Antes do corte da rede, alguns habitantes do arquipélago podiam enviar fotos e vídeos das ondas do tsunami que atingiram lugares como a capital. Outras nações vizinhas do Pacífico, como Fiji, Vanuatu e Samoa, também registraram ondas de até dois metros de altura.

Uma das maiores erupções em 30 anos

A estrondosa erupção do vulcão pôde ser ouvida a centenas de quilômetros de distância. O vulcanologista da Universidade de Auckland, Shane Cronin, disse à Rádio Nova Zelândia que a erupção do vulcão em Tonga é uma das maiores dos últimos 30 anos. “A grande e explosiva extensão lateral da erupção sugere que foi provavelmente a maior desde a erupção do Pinatubo em 1991”, disse o especialista.

Cronin explicou que os dados preliminares da atividade de sábado de do vulcão sugerem que o Índice de Explosividade Vulcânica (IEV), que mede a magnitude da erupção, pode chegar a cinco em uma escala de oito, enquanto o do Monte Pinatubo era seis. O vulcanologista especificou que uma erupção de cinco IEVs ocorre não mais do que algumas vezes em uma década.

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