Em 22 de outubro, o Sindicato dos Enfermeiros do DF (SindEnfermeiro-DF) visitou o HB para monitorar as denúncias de falta de medicamentos. Na ocasião, a diretora do sindicato, Ursula Nepomoceno, contou com a presença do deputado distrital Fábio Félix (PSol), da presidente do Conselho de Saúde do DF, Jeovânia Rodrigues, e da representante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF (CLDF), Perla Ribeiro, além de outros profissionais.
O grupo visitou a farmácia do Hospital, a unidade de tratamento intensivo (UTI) e o Centro de Materiais de Esterilização (CME). A Ação Conjunta encontrou falta de medicamentos para sedação, baixo estoque de medicamentos utilizados na rotina diária do hospital e déficit de farmacêuticos e de técnicos de farmácia.
De acordo com a presidente do SindEnfermeiro, Dayse Amarílio, a situação é preocupante. “Os recursos humanos de enfermagem estão em um número muito ruim, tanto para enfermeiros como para técnicos em enfermagem. Faltam desde insumos básicos até antibióticos e sedativos”, conta.
Ela destaca que os medicamentos são extremamente necessários para os pacientes graves. “O perfil da UTI do Hospital de Base é exclusivo da instituição. Não tem como transferir os pacientes de lá, por exemplo. É preciso que esses insumos em falta cheguem o mais breve possível”, reforça.
Problema crônico
Presidente do Sindicato dos Médicos do DF (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho esclarece que o problema já deixou de ser algo pontual. “A realidade é que a situação é precária, e já é uma situação crônica. Há pacientes internados há vários dias, sem fazer cirurgia no tempo ideal. Alguns, da ala da ortopedia, podem ficar com sequelas porque não realizaram o procedimento no tempo correto”, alerta.
Gutemberg contou ao Correio que minutos antes da reportagem conversar com ele, um médico que trabalha no Hospital de Base disse que pediria demissão da unidade. “O hospital já está com falta de pessoal e os médicos que têm estão pedindo demissão, porque não querem assumir o risco de um paciente ficar com sequelas, ou até morrer, porque o hospital não tem condições de operá-lo”, pontua.
O presidente do SindMédico destaca que o modelo de gestão atual, onde o Iges é responsável pelo Hospital de Base, não funciona, e que o Instituto deveria ser incorporado novamente à Secretaria de Saúde. “Não sei a quem interessa esse modelo de gestão do Hospital, mas à população e aos pacientes não é. Eles estão sendo prejudicados”, defende.
O outro lado
Em nota enviada ao Correio, o Iges explicou que montou uma força-tarefa para examinar todos os contratos em vigor com os fornecedores. “Essa ação deve-se à necessidade de identificar e corrigir eventuais irregularidades para que, num futuro muito próximo, seja plenamente normalizado o abastecimento de medicamentos e outros insumos nas unidades administradas pelo IGESDF”, afirma.
O texto garante que foram suspensas “apenas 23 cirurgias”, e que nesse mesmo período o Hospital de Base continuou realizando procedimentos em 12 especialidades, em “cirurgia cardíaca, vascular, geral, oncológica, em regime de urgência/emergência, mastologia, neurocirurgia, otorrinolaringologia, oftalmologia, ortopedia, proctologia e urologia”, afirma.
“Tão logo sejam normalizados os estoques dos insumos que estão temporariamente em falta, as cirurgias eletivas suspensas serão priorizadas e realizadas”, finaliza.