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Tebet indica falsificação de documento do governo para rebater denúncia da Covaxin

Com uma imagem do documento, Tebet apontou erros de grafia, de inglês, e falta de informações na nota fiscal que teria sido enviada pela Precisa Medicamentos ao Ministério da Saúde para a compra da Covaxin, em março deste ano

A senadora mostrou a invoice, com 24 erros, inclusive de inglês – (crédito: Edilson Rodrigues)

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse acreditar que houve falsificação no documento usado pelo governo para rebater denúncia de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin. À CPI da Covid, a parlamentar identificou 24 erros na chamada “invoice” (uma fatura com os dados do pagamento) apresentada pelo ministro Onyx Lorenzoni, ema 23 de junho, quando ameaçou processar os denunciantes.

Com uma imagem do documento, Tebet apontou erros de grafia, de inglês, e falta de informações na nota fiscal que teria sido enviada pela Precisa Medicamentos ao Ministério da Saúde para a compra da Covaxin, em março deste ano. “Tem clara comprovação de falsidade de documento privado. Nós estamos falando de falsidade ideológica formulada por alguém”, disse a senadora.

Entre os erros apontados por Tebet estão marca e o logotipo da empresa desenquadrados — “não estão alinhados em alguns pontos, como se fosse uma montagem” —; erros de inglês, como prince (príncipe) no lugar de price (preço); airpor e não airport (aeroporto); mistura de português e inglês, o que a senadora chamou de “portinglês”; diferença no número de doses de vacinas de um campo para o outro; falta de dados bancários e assinaturas/autorizações.

O documento foi divulgado pela primeira vez pelo servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda e seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), como prova de que havia irregularidade na compra da Covaxin. Na versão apresentada pelos dois, a invoice previa pagamento antecipado de R$ 45 milhões por três milhões de doses da Covaxin, o que não estava previsto no contrato fechado entre Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos, intermediadora do negócio. Pelo acordo, o pagamento só deverá se feito após o Brasil receber a vacina, o que ainda não ocorreu.

Outro ponto levantado pelos irmãos é que a empresa destinatária do pagamento é a Madison Biotech, uma offshore sediada em Cingapura que não consta no contrato. Segundo a Precisa, a empresa é ligada ao laboratório indiano Bharat Biotech, fabricante da Covaxin.

Em 23 de junho, Lorenzoni e o assessor da Casa Civil e ex-secretário-executivo da Saúde, coronel Élcio Franco, fizeram um pronunciamento no Palácio do Planalto no qual acusaram os irmãos Miranda de forjarem o documento para sugerir irregularidades. Segundo Franco e Lorenzoni, o governo havia recebido duas versões da nota fiscal, mas nenhuma delas correspondia à que havia sido apresentada pelos irmãos. O documento apresentado pelos Miranda, no entanto, consta no sistema do Ministério da Saúde.

“Como é que ninguém visualiza um documento fajuto como este, documento apresentado pelo Onyx e pelo Elcio, fotografado por nós e pela imprensa?”, frisou Tebet. Ela questionou se a Madison teria produzido um documento “com tantos erros de inglês”.

Segundo ela, o erro mais grave foi em relação ao número de doses. A quantidade expressa na nota fiscal era diferente em dois campos do documento. “As doses ali, eles colocam que são 300 mil caixas com 16 ampolas cada, cada ampola dá para uma dose. Se eu for multiplicar por isso, o que o Brasil teria que receber é 4,8 milhões de doses, e não três milhões, como está aqui”, afirmou. “É um documento que diz que ora o Brasil vai receber 4,8 milhões de doses da vacina, ora vai receber três milhões de doses.”

Procurados pela reportagem para explicar os erros apontados pela senadora, Lorenzoni e o Ministério da Saúde não responderam até o fechamento desta edição.

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