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Mourão diz que Brasil ‘não tem que ser mendigo’ ao buscar recurso contra desmatamento

Brasil participa da Cúpula do Clima a ser realizada nesta semana. Presidente Bolsonaro e ministro do Meio Ambiental, Ricardo Salles, tem buscado negociar para angariar recursos

(crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Às vésperas da Cúpula do Clima, que se iniciará na próxima quinta-feira (22/4), o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), disse a jornalistas, nesta segunda-feira (19/4), que o Brasil não deve ser comportar como um “mendigo” em relação a pedido de recursos para combate ao desmatamento ilegal. Especialistas têm dito que o governo brasileiro tem demonstrado verdadeiro “desespero” no intuito de confirmar acordos no encontro, capitaneado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para conseguir recursos voltados ao meio ambiente.

A gente não tem que ser mendigo nisso aí. Vamos colocar a coisa muito clara, né? Nós temos as nossas responsabilidades, o Brasil é responsável só por 3% das emissões no mundo. Desses 3%, 40% é o desmatamento. Ou seja, 1,2% do que se emite no mundo é responsabilidade do desmatamento nosso aqui. Então, a gente tem que fazer a nossa parte, dentro aí do Acordo de Paris. Não queimamos petróleo e carvão como os demais países queimam. Ou seja, temos uma matriz energética que é limpa e renovável. Então, a gente tem um lugar certo na mesa de conversas sobre mudança no clima”, afirmou.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro enviou uma carta à Casa Branca firmando compromissos de acabar com o desmatamento ilegal até 2030 e reduzir gradativamente as emissões de gases de efeito estufa. A tendência, entretanto, é que o país encare um ambiente hostil no evento, com muita desconfiança às promessas ao governo Bolsonaro, figura que já tanto menosprezou recursos estrangeiros para combater desmatamento ilegal. Leia mais em: Especialistas apontam que o Brasil chega ao encontro de forma vergonhosa.

Recorde de incêndios

Nos primeiros anos do governo Bolsonaro, o país registrou dois dos maiores índices de focos de incêndios florestais na última década — 197,6 mil em 2019 e 222,8 mil (o mais alto do período) em 2020, segundo números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) — e um aumento no desmatamento da Amazônia. Além disso, o Brasil chega ao encontro mundial em meio a denúncias contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de que ele estaria atendendo interesses de desmatadores ilegais na Floresta Amazônica.

Na semana passada, foi anunciada, inclusive, a troca do superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, responsável por enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) naquele mesmo dia uma notícia-crime contra Salles. Ele permaneceu no cargo por três anos e meio. Na peça enviada ao Supremo, Saraiva acusa Salles de “organização criminosa” e por tentar “obstar investigação”. O ministro teria atuado para proteger madeireiros ilegais. Ele teria apoiado o acusado a desmatar e traficar 200 mil metros cúbicos de madeira.

 

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