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Após dois meses de queda, vendas do varejo crescem 0,6% em fevereiro

No acumulado do ano, no entanto, o comércio ainda sofre com o fim do auxílio emergencial, a alta da inflação e a pandemia da covid-19

As vendas do varejo brasileiro cresceram 0,6% em fevereiro deste ano, na comparação com janeiro. No acumulado do ano, no entanto, o resultado do setor ainda é negativo em -2,1%, por conta do impacto do fim do auxílio emergencial, da alta da inflação e das medidas de isolamento social impostas pela pandemia da covid-19 no comércio.

A alta de 0,6% do varejo vem depois de o setor sofrer um baque de 6,2% entre dezembro e janeiro e leva o setor a um patamar 0,4% superior ao nível do pré-pandemia. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse resultado foi puxado pela venda de livros, jornais, revistas e papelaria, que cresceu 15,4% em fevereiro impulsionada pela volta às aulas.

“Janeiro é um mês de contas extraordinárias, como IPTU e IPVA, então é comum um consumo menor no comércio. Já em fevereiro, temos a volta do orçamento mensal das famílias a uma maior normalidade e o retorno dos alunos às escolas, aquecendo as compras de material escolar”, frisou o gerente da PMC, Cristiano Santos.

Segundo o IBGE, também tiveram um desempenho positivo em fevereiro as vendas de móveis e eletrodomésticos (9,3%); tecidos, vestuário e calçados (7,8%); e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,8%). As vendas de veículos, motos, partes e peças (8,8%) e de materiais de construção (2,0%) também subiram. Por isso, o comércio varejista ampliado, que considera as vendas de veículos e materiais de construção, cresceu 4,1% em fevereiro, na comparação com janeiro.

Por outro lado, houve quedas nas vendas de combustíveis e lubrificantes (-0,4%), que vêm sendo o grande vilão da inflação brasileira neste ano. Também caiu o comércio de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,5%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-0,4%); e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,2%).

Nas demais bases de comparação, no entanto, os resultados do comércio são majoritariamente negativos. Na comparação com fevereiro do ano passado, por exemplo, o comércio varejista restrito caiu 3,8% e o ampliado, 1,9%. Já a média móvel trimestral dos setores recuou para -2% e -0,5%, respectivamente. E o acumulado neste ano de 2021 mostra uma contração de 2,1% do comércio varejista restrito e de 2,5% do comércio varejista ampliado.

Fim do auxílio

A desaceleração do ritmo de crescimento do comércio coincide com o fim do auxílio emergencial, que impulsionou as vendas a patamares recordes no segundo semestre do ano passado, mas também com o agravamento da pandemia, que tem fechado o comércio não essencial em muitas cidades do país, e com a alta da inflação, que diminui o poder de compra da população brasileira.

“O rendimento médio das famílias de baixa renda chegou a aumentar 130% com o auxílio emergencial e, por isso, o período de maio e outubro foi muito bom para o comércio varejista, que chegou a atingir patamar 6,5% acima do período pré-pandemia. Em dezembro, no entanto, o valor do auxílio diminuiu e, em janeiro, deixou de existir, e isso reduziu o consumo. Temos ainda impactando o varejo negativamente a inflação e outros fatores relacionados à pandemia, como as restrições locais ao desenvolvimento de algumas atividades”, lembrou Santos.

O crescimento de janeiro também não foi suficiente para impulsionar o comércio do Distrito Federal (DF). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas recuaram 2,1% em fevereiro no DF. Foi a terceira maior queda do país, atrás apenas do Acre (-12,9%) e Tocantins (-4,4%).

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