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Guedes diz que ‘ofensa’ não o tira do cargo, mas prefere sair se ‘tiver que empurrar Brasil pelo caminho errado’

Em participação em podcast, ministro afirma que condições para deixar a pasta não ocorreram e disse contar com confiança de Bolsonaro

BRASÍLIA — O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, em participação em um podcast gravado na sexta-feira e divulgado nesta terça, que é “demissível em 30 segundos” caso o presidente Jair Bolsonaro deixe de acreditar em seu trabalho, mas que enquanto estiver “ajudando o Brasil” e fazendo as coisas em que acredita, deve continuar. Segundo ele, ofensas não o tirariam do cargo.

–– Se ele não confiar, eu sou demissível em 30 segundos. Se eu estiver conseguindo ajudar o Brasil, fazendo as coisas em que eu acredito, eu devo continuar. A ofensa não me tira daqui. O medo, o combate, o vento a chuva, isso não me tira daqui de jeito nenhum – afirmou o ministro, no podcast Primocast.

E acrescentou:

— O que me tira daqui é a perda da confiança do presidente ou ir para o caminho errado. Se eu tiver que empurrar o Brasil pelo caminho errado eu prefiro não empurrar, eu prefiro sair. Isso não aconteceu.

A declaração foi dada ao fim de uma semana marcada pelos desdobramentos da decisão de Bolsonaro de anunciar que o general Joaquim Silva e Luna substituiria Roberto Castello Branco no comando da Petrobras.

A demissão de Castello Branco, uma indicação de Guedes, de quem é amigo há anos, levou o mercado a desconfiar da continuidade de política de preços da empresa.

Ao longo de quase duas horas, Guedes falou de vários temas, como a reformulação do Bolsa Família, a necessidade de contrapartidas para a concessão do auxílio emergencial e também sobre a Petrobras.

Argentina e Venezuela

O ministro demonstrou preocupação com o aumento dos gastos públicos e com o longo caminho de reformas a ser percorrido. Sem as medidas aprovadas, ele afirmou que o Brasil pode viver situações semelhantes às da Argentina e da Venezuela, países vizinhos em crise econômica:

–– Vai chegar uma hora que você não consegue mais. Para virar Argentina, seis meses. Para virar Venezuela, um ano e meio. Se fizer errado, vai errado. Quer ir para o outro lado, quer virar Alemanha ou Estados Unidos? São dez, quinze anos na outra direção.

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