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Para atrair entre 100 e 200 mil estrangeiros, presidente uruguaio reduziu os requisitos para que estrangeiros possam firmar residência no país

Uruguai: país tem sido o destino de argentinos ricos que buscam melhores condições de vida e trabalho (Wavebreakmedia Ltd/Thinkstock)

Há três meses, Catalina Jack, economista argentina de 37 anos com dois mestrados, embarcou em uma balsa rápida em Buenos Aires rumo ao Uruguai. Ela conseguiu um emprego em uma empresa de software e agora olha o mundo de uma casa que alugou perto do balneário de Punta del Este. Seu irmão e sua família haviam se estabelecido nas proximidades algumas semanas antes. Duas dúzias de amigos já mudaram ou estão mudando.

“Eu preferia continuar trabalhando na Argentina”, disse. “Hoje, acho que não tem lugar para mim lá. Não tenho dúvidas de que as pessoas que saem são as que pagam mais impostos, as mais produtivas e as mais qualificadas.”

Depois que Luis Lacalle Pou foi eleito presidente do Uruguai em novembro passado, o primeiro líder que não é de esquerda em 15 anos anunciou planos para atrair imigrantes qualificados e investimentos para energizar o país com 3,5 milhões de habitantes. O que ele não sabia era quão profundamente a Covid-19 e a crise econômica afetariam a Argentina ou como o excepcional sistema de saúde pública do Uruguai colocaria o país entre as nações com melhores resultados no combate à pandemia. O número de mortos no país é de apenas dezenas.

O resultado é um fluxo de cérebros e riqueza da vizinha Argentina. Carlos Enciso, embaixador do Uruguai, disse à Rádio Montecarlo que 100 argentinos por semana têm se candidatado no consulado de Buenos Aires para residência no Uruguai. A responsável pela autoridade tributária argentina, Mercedes Marco del Pont, disse à agência de notícias Telam que, em 2020, quase metade dos 504 argentinos que estabeleceram residência fiscal no exterior – uma tendência liderada ricos – escolheram o Uruguai. Dados do Ministério do Interior mostram que cerca de 13 mil argentinos chegaram para ficar entre abril e setembro.

Embora as rígidas regras de combate à lavagem de dinheiro tenham tornado o Uruguai um destino menos acolhedor para o dinheiro argentino em relação ao passado, dados do banco central mostram que os depósitos de não residentes em instituições locais aumentaram US$ 528 milhões nos 12 meses desde que as eleições primárias na Argentina sinalizaram que um governo de esquerda assumiria o poder. Acredita-se que a maioria desses depósitos seja de argentinos.

As novas onda migratória é impulsionada por maiores impostos e propostas de mais aumentos, divisão política crescente, agravamento da pobreza e propagação contínua do coronavírus. A Argentina enfrenta inflação de 41%, controles cambiais cada vez mais rígidos, colapso do PIB e títulos que apontam para uma alta probabilidade de default poucas semanas depois que o país saiu do último. Mais de 20 mil argentinos morreram de Covid-19.

Lacalle Pou afirma que gostaria receber de 100 mil a 200 mil imigrantes. O presidente uruguaio reduziu os requisitos de presença física e de investimentos para a obtenção de residência fiscal. A partir de julho, estrangeiros que moram pelo menos 60 dias por ano no Uruguai e compram imóveis de valor superior a US$ 388 mil se qualificam. Os recém-chegados também podem obter residência investindo mais de US$ 1,7 milhão em um negócio que gere pelo menos 15 empregos de tempo integral. Sua coalizão no Congresso também dobrou o incentivo fiscal para novos residentes para 10 anos.

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