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O vírus que adia eleições: depois de Bolívia e Brasil, Hong Kong

Cada vez mais pressionada por Pequim, Hong Kong pode adiar eleições legislativas e oposição acusa uso político da pandemia do novo coronavírus

O vírus que adia eleições: depois de Bolívia e Brasil, Hong Kong (Anthony Kwan/Getty Images)

Cada vez menos independente em relação à China, Hong Kong pode adiar as eleições para o legislativo por um ano em meio a uma nova onda de casos do novo coronavírus, informou nesta quarta-feira a agência pública RTHK.

Seria uma grande derrota para a oposição ao governo de Carrie Lam, aliado a Pequim, que espera uma vitória arrebatadora nas eleições marcadas para 6 de setembro. “Usar a pandemia como desculpa para adiar as eleições é definitivamente uma mentira”, escreveu o ativista Josua Wong no Twitter.

No fim de junho, Pequim aprovou uma nova lei de segurança para a ilha que reduz a independência judicial de Hong Kong e aprofunda os temores sobre a liberdade civil. A lei permite a punição de atos considerados subversão e terrorismo, um campo minado para a perseguição política. Desde então, há um intenso debate sobre o futuro opaco de Hong Kong como hub financeiro e de negócios na Ásia, como foi nas últimas décadas.

O debate em Hong Kong se soma a outros mundo afora sobre o uso político das eleições. Um dos países que vêm sendo mais criticados por adiar seu processo eleitoral é a Bolívia, que também realizaria sua votação em 6 de setembro. Mas na semana passada o Tribunal Superior Eleitoral adiou o pleito para 18 de outubro. Um ponto de especial atenção é o desejo da presidente interina, Jeanine Áñez, de disputar as eleições, contrariando sua própria promessa depois de assumir a cadeira de Evo Morález, no início do ano.

No Brasil, as eleições municipais de 2020 também foram adiadas, de outubro para novembro, em virtude da pandemia. Mas mesmo eleições que estão mantidas, como a dos Estados Unidos, serão profundamente afetadas pelo coronavírus. Por lá, o avanço da pandemia tem dado vantagem ao democrata Joe Biden, isolado em casa, contra o republicano Donald Trump, que segue negando a gravidade do vírus.

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