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Brasileiro vira rei do melão na Europa — e agora deve conquistar a China

Paulista se muda para Mossoró, no Rio Grande do Nordeste, para cultivar melão; hoje, produz 250 mil toneladas por safra e abastece o mercado europeu

Luiz Roberto Barcelos, maior produtor e exportador de melão do Brasil (divulgação/Divulgação)

O produtor rural Luiz Roberto Barcelos, de 55 anos, lembra bem a primeira vez que experimentou um melão. Ele tinha cinco anos de idade e morava em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, com sua família. “Minha mãe chegou com aquela fruta redonda e verde em casa e me apaixonei”, diz. Hoje, Barcelos é o maior produtor e exportador de melão do Brasil. Ele abastece, sozinho, boa parte do mercado europeu.

Sua fazenda, a Agrícola Famosa, produz mais de 1 milhão de melões por dia. A cada safra, são colhidas 250 mil toneladas da fruta – a maioria é exportada para países como a Holanda e o Reino Unido. No ano passado, o faturamento chegou a 500 milhões de reais. “Vamos crescer ainda mais”, diz Barcelos.

O novo destino da fruta é a China. No final do ano passado, o país aprovou a importação do melão brasileiro, depois de conversas com a ministra Tereza Cristina, da agricultura. A expectativa é que no segundo semestre as vendas de melão para a China comecem a decolar. “Aí, vamos dobrar a produção”, diz Barcelos. Ele já está se preparando para expandir sua fazenda. “Não poderia ter felicidade maior”, afirma.

A agricultura sempre fez parte da vida de Barcelos, que é de uma família de produtores de café do interior de São Paulo. “Sempre gostei de mexer com a terra”, diz. A propriedade da família, criada há mais de cem anos, foi sendo dividida entre os herdeiros com o passar do tempo. Barcelos não se animou muito a tocar o negócio adiante e resolveu fazer estudar em São Paulo, onde fez faculdade de direito. “Não achava que o campo ia me puxar de volta, como acabou acontecendo”, diz.

Barcelos arranjou emprego, como advogado, em uma empresa de comércio exterior de produtos agrícolas. Não demorou para a saudade da agricultura bater mais forte. Ele ficou sabendo que uma fazenda de 4.800 hectares em Mossoró, no Rio Grande do Norte, estava a venda e resolveu fechar negócio. A região, com um clima quente e ensolarado praticamente o ano todo, é considerada ideal para o cultivo de frutas como o melão, que precisam de muito sol.

O produtor não pensou duas vezes – ele reuniu a família e logo se mudou Mossoró. “Na época, minha esposa estava grávida de nosso segundo filho e não sabíamos bem como seria nossa vida em uma terra nova”, diz. Hoje, a fazenda tem 30.000 hectares e deve se expandir ainda mais até o início do ano que vem.

Para que a produção pudesse crescer, Barcelos investiu em sistemas de irrigação avançados, em que a quantidade ideal de água é distribuída em cada palmo do terreno, sem desperdícios. Ele também estudou as melhores estratégias para conquistar aumentos expressivos de produtividade. Uma das principais técnicas adotadas foi a polinização da lavoura através das abelhas, que levam importantes nutrientes para os pés de melão.

Depois da colheita, os restos de vegetação que ficam no solo são enviados para o sistema de compostagem para serem transformados em adubo. “Temos uma grande preocupação com a sustentabilidade, o que acaba proporcionando ganhos de produtividade e é importante para nos posicionarmos de forma adequada no exterior”, diz Barcelos.

Em 2019, o Brasil bateu um recorde da exportação de frutas, com 1 milhão de toneladas embarcadas para a Europa, Oriente Médio, Argentina. As vendas externas somaram 1 bilhão de dólares. A exportação de melão gerou 160,4 milhões de dólares em 2019, 18% a mais do que em 2018. Em volume, o aumento foi de 27%.

Com as exportações para a China, a produção e as vendas externas de melão devem duplicar. Barcelos e outros produtores rurais da região de Mossoró já estão se preparando para o aumento das exportações. “Muitos estão adquirindo mais terras, como estamos fazendo”, diz.

Este ano, o agronegócio brasileiro deverá dar bater novos recordes e dar mais saltos de produtividade. A expectativa é que a atividade responda por 24% do PIB brasileiro, alcançando 728,6 bilhões de reais. “O segmento de frutas deve ter um bom desempenho”, diz Barcelos. “Vamos vender mais melão do que nunca”.

 

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