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Covid-19 faz maternidades criarem pré-natal online e transmissão de parto

Maternidades particulares adotaram algumas das medidas tecnológicas para evitar o risco de infecção por coronavírus

(FatCamera/Getty Images)

Os corredores, sala de espera e quartos de uma maternidade costumavam ser locais de encontros e abraços. Com a pandemia, essas cenas ficaram no passado e protocolos de distanciamento e restrição de visitas foram implementados. Visita virtual, pré-natal online e transmissão do parto foram algumas das medidas tecnológicas adotadas pelas maternidades. Algumas também estão testando gestantes e acompanhantes e criando alas exclusivas para pacientes com coronavírus.

“Resolvemos fazer releituras, porque não íamos permitir que esse momento da pandemia fosse vivido sem uma solução para os pacientes e famílias. É um momento de imensa alegria e trabalhamos para trazer acolhimento e humanização”, diz Rodrigo Buzzini, diretor médico do Grupo Santa Joana.Grávida de seis meses de Henri, seu segundo filho, a publicitária Yasmin Vaz, de 28 anos, está fazendo o pré-natal online e aprovou a opção. “O momento não é o melhor do mundo e a gente estava muito preocupado por não ter o acompanhamento. As consultas presenciais são inevitáveis, mas vou fazer as virtuais quando for possível. Foi muito prático e o médico foi muito atencioso”, conta ela.

A servidora pública Erica Ticiani Santana da Silva, de 39 anos, diz que a filha, Malu, nasceu “no olho do furacão” no dia 1º de junho. A pandemia mudou todos os seus planos. “Tinha me planejado para fazer uma visita presencial à maternidade, mas, por causa da pandemia, os hospitais fecharam o serviço. Fiz a virtual e foi ótimo. Depois, ainda liguei na central para tirar outras dúvidas. Foi criado um grupo de gestantes, a gente recebia informações sobre lives e conteúdos para as mães”, diz.

Embora as evidências científicas não sejam definitivas, gestantes são do grupo de risco para complicações da covid, segundo o Ministério da Saúde.

Como as grávidas não podem participar de rodas de conversa ou se encontrar para atividades, a maternidade fez a ponte por grupos online. “Uma paciente que ganha bebê pode postar a foto dele. É uma construção positiva para que tenham a sensação de mais calor humano e proximidade. Nossas enfermeiras participam das interações técnicas”, diz Buzzini.

“Tenho certeza de que a Malu veio para chegar em um mundo melhor. Apesar de toda essa loucura, tem de tirar um lado positivo de tudo. Continuo no grupo, porque quero mais informações, saber o que as outras mães fizeram”, afirma Erica.

Desde março, visitas à unidade Itaim do Hospital e Maternidade São Luiz só podem ser virtuais e um recurso existente há dez anos, o Baby Web – tipo de live do parto -, foi resgatado e tem ajudado avós, tios e outros parentes a verem os primeiros momentos de vida do bebê.

“Tivemos de restringir a visita dos avós, que movem mundos e fundos para estar lá. A gente revisitou o Baby Web, que não permite falar, mas tem um chat e os pais podem ver mensagens depois. Não tem limite de pessoas, o limite é para quem a família entrega a senha. É discreto, não mostra a saída do bebê, mas quando faz o pele a pele. Temos câmeras em todas as salas de parto”, diz Marcia Costa, diretora médica da unidade. Em fevereiro, 16% dos partos aderiram à ferramenta. O número passou para 20% em março e chegou a 30% em junho.

Cursos para pais também foram para o online. Em vídeo de 40 minutos, são tiradas dúvidas sobre trabalho de parto, amamentação e técnicas de banho.

Alas exclusivas

Para oferecer mais segurança ao bebê, profissionais de saúde e demais pacientes, algumas maternidades estão testando gestantes e acompanhantes dias antes da data provável do parto. O exame possibilita separar em alas diferentes gestantes infectadas das que testaram negativo.

“A gente testa todas as pacientes e acompanhantes. Quando o convênio não cobre, a gente arca com o teste. Existe um andar só para casos de covid, a sala é preparada e todos usam EPI (Equipamento de Proteção Individual)”, comenta Marcia Costa, diretora médica do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim.

“Depois do parto, a mãe e o bebê ficam em alojamento conjunto com berço a dois metros de distância. A coleta do exame no bebê é feita seis horas após o nascimento.” Na saída da maternidade, a equipe de controle de infecção hospitalar dá orientações para a mãe que foi infectada pelo vírus e ela continua recebendo ligações até 15 dias após o parto para que o hospital possa monitorar a evolução do caso.

O Hospital Israelita Albert Einstein também testa todas as gestantes, de dois a três dias antes da data provável do parto. O exame é pago pelo hospital e, quando o resultado vem positivo, a paciente é encaminhada para um setor exclusivo.

“O centro obstétrico e o centro de parto natural estão dedicados somente a gestantes que não têm covid. Já aquelas que testam positivo fazem o parto em uma sala do centro cirúrgico que adaptamos para isso, com pressão negativa e filtro que reduz o risco de contaminação para profissionais de saúde e para o acompanhante”, explica Linus Pauling Fascina, gerente do Departamento Materno Infantil do Albert Einstein. Os quartos de internação para gestantes com covid também ficam em ala separada e contam com a mesma tecnologia que reduz o risco do vírus se disseminar.

O especialista diz que o centro cirúrgico voltado para gestantes com covid está preparado para fazer também partos normais. A modalidade, inclusive, vem crescendo no hospital após a pandemia. “Aprendemos ao longo da pandemia que, mesmo para gestantes com covid, o parto normal é melhor. Procedimentos cirúrgicos estão associados a mais riscos”, afirma. O porcentual de partos normais realizados na instituição passou de 33% antes da pandemia para atuais 40%.

O hospital inicialmente proibiu as visitas, mas agora tem horários reduzidos e número limitado de visitantes. Fotógrafos e doulas foram treinados pela instituição quanto a procedimentos de segurança. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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