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Dólar tem forte queda e se aproxima da casa dos 4 reais com reabertura

Desemprego nos Estados Unidos fica mais de dois terços abaixo do esperado; no Brasil, produção industrial supera expectativas

Dólar: moeda americana caminha para desvalorização superior a 4% na semana (Paul Yeung/Bloomberg/Getty Images)

O dólar retomou sua trajetória de queda frente ao real, nesta quarta-feira, 3, com a manutenção do otimismo global sobre as reaberturas e após a divulgação de dados econômicos, que vieram melhores do que se esperava. Às 12h20, o dólar comercial caía 3,5% e era vendido por 5,027 reais. O dólar turismo, com menor liquidez, recua 5,1%, cotado a 5,23 reais.

Assim como na sessão anterior, o real volta a ser a moeda que mais ganha força nesta sessão, entre as principais divisas emergentes. “Aqui é exagera na ida e exagera na volta também”, comentou Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos. Segundo ele, há espaço para a moeda chegar entre 4,70 reais e 4,80 reais, cotação que considera mais compatível com o contexto atual.

Entre os fatores locais que ajudam o real a se fortalecer estão a menor tensão política, após o presidente Jair Bolsonaro participar da posse do ministro Alexandre de Moraes como membro efetivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os dados da indústria que vieram acima melhores do que o esperado. Em abril, a produção industrial brasileira caiu 27,2% na comparação anual, enquanto o mercado esperava uma queda de 33,1%.

Para Sidnei Nehme, economista e diretor executivo da corretora de câmbio NGO, a intensa depreciação do dólar está associado ao arrefecimento da tensão política no país, mas ainda não uma tendência de queda sustentável. “O real que vinha mantendo comportamento adverso às demais moedas emergentes frente ao dólar, finalmente, assumiu a tendência de seus pares (…), que assim corrigiu, inclusive, as distorções anteriores”, afirmou em relatório.

Embora a dólar tenha se aproximado da casa dos 4 reais, Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio e sócio da Frente Corretora, vê uma maior dificuldade para a moeda americana romper os 5 reais. “É uma espécie de barreira psicológica”, disse. Para isso, segundo ele, precisaria haver uma melhor perspectiva de recuperação da economia interna, que, inevitavelmente, passaria pela queda do número de casos e mortes pelo coronavírus covid-19. Na véspera, o país voltou a registrar recorde de mortes pela doença. Ao todo, já são 31.199 óbitos e 555.393 casos confirmados, de acordo com o Ministério da Saúde.

Nesta manhã, também foi divulgada a variação dos empregos privados dos Estados Unidos. Os números, apresentados pelo instituto ADP apontam para a perda de 2,76 milhões de postos de trabalho em maio. Embora ainda evidencie os impactos negativos do coronavírus, os dados serviram de grande alívio para o mercado, que projetava perdas de 9 milhões de postos. Os dados da ADP servem como uma prévia dos payroll, que será divulgado na sexta-feira.

Os dados de emprego também vieram melhores do que o projetado na zona do Euro. Por lá, a taxa de desemprego de abril ficou em 7,3% ante uma expectativa de 8,2%. Os 31,9 pontos do índice de gerente de compra (PMI, na sigla em inglês) composto da região, referente ao mês de maio, também ficou acima do esperado, embora ainda abaixo dos 50 pontos que dividem a expansão da contração da atividade.

Apesar do bom humor do mercado, principalmente com relação às bolsas de valores, o dólar tem um dia misto frente às moedas emergentes, se desvalorizando frente ao real e ao peso mexicano, mas ganhando força contra o rublo russo, a lira turca e a rúpia indiana.

Na última sessão, o dólar comercial teve sua maior queda contra o real em dois anos e fechou em 5,210 reais.

 

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