Tensão entre os dois países começou depois que a Austrália pediu para realizar uma investigação internacional sobre a origem do coronavírus
A China suspendeu nesta terça-feira (12) as importações de carne bovina de quatro fornecedores na Austrália, algumas semanas depois que o embaixador chinês ameaçou responder à investigação sobre a origem do coronavírus promovida pelo governo de Camberra.
A decisão pode fazer as tensões entre a Austrália e seu principal parceiro comercial se espalharem para outros setores econômicos do país, em um contexto de crise devido à pandemia.
O ministro federal do Comércio, Simon Birmingham, disse que os envios de carne para a China foram suspensos por problemas “técnicos” relacionados às exigências de certificação chinesas.
“Estamos preocupados, porque as suspensões parecem estar baseadas em questões muito técnicas, que em alguns casos datam de mais de um ano”, afirmou.
Estamos trabalhando com a indústria e com as autoridades da Austrália e da China para encontrar uma solução que permita a essas empresas retomarem as operações normais o mais rápido possível”, acrescentou.
Os quatro matadouros afetados representam 35% das exportações de carne bovina da Austrália para a China, em um comércio que representa cerca de 1,7 bilhão de dólares australianos (1,1 bilhão de dólares), segundo a rede ABC.
A China também ameaça aplicar tarifas à cevada australiana, argumentando que a Austrália a vende na China a um preço abaixo do custo (“dumping”).
De acordo com documentos confidenciais citados pela Australian Financial Review, a China estuda tarifas de até 73,6%.
As tensões entre os dois países foram exacerbadas pelos pedidos da Austrália para realizar uma investigação internacional sobre a origem do coronavírus, que apareceu na China e depois se espalhou pelo mundo.
Até agora, a doença deixou mais de 280.000 mortos e infectou milhões de pessoas, causando simultaneamente uma crise econômica global.
“O público chinês está frustrado, chocado e decepcionado com o que a Austrália está fazendo”, disse o embaixador chinês Cheng Jingye no mês passado em uma entrevista publicada na Australian Financial Review.
“São as pessoas que precisam decidir. Talvez as pessoas comuns se perguntem: ‘Por que eu tenho que beber vinho australiano, comer carne australiana?”, acrescentou.