Segundo instituto IDIS, elite brasileira precisa se movimentar para levar mais recursos a hospitais beneficentes
A crise do coronavírus está despertando a solidariedade dos mais ricos. Alguns bilionários fizeram doações relevantes para ajudar a conter a pandemia. Bill Gates, fundador da Microsoft, por exemplo, se comprometeu a destinar mais de 100 milhões de dólares à causa.
No mundo, a lista de ricaços e empresas que anunciaram doações de mais de 1 milhão de dólares inclui Jack Ma, do Alibaba; Li Ka-Shing, da Hutchison Holdings, o homem mais rico de Hong Kong; o estilista Giorgio Armani; além das grifes Versace, Swarovski e dos conglomerados de moda LVMH e Kering.
Segundo o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), organização sem fins lucrativos que dá apoio a entidades filantrópicas, essa postura é comum em momentos de crises e, no Brasil, é esperado o mesmo movimento no topo da pirâmide. “Vimos isso acontecer em outros episódios, como nos desastres de Mariana e Brumadinho”, afirma Paula Fabiani, presidente do IDIS.
Os ricos brasileiros, no entanto, ainda não se apresentaram e a filantropia será fundamental para o país superar o vírus. Os hospitais beneficentes, especialmente as Santas Casas de Misericórdia, que formam um braço importante do Sistema Único de Saúde (SUS), vão precisar de mais recursos para enfrentar a pandemia. “É uma rede fundamental e que está em dificuldades”, afirma Paula.
O Brasil possui mais de 1.800 hospitais beneficentes, de acordo com dados do Ministério da Saúde. A maioria atua inserido no SUS. Nos últimos anos, diversas Santas Casas tiveram problemas financeiros, incluindo a de São Paulo, que é um hospital de referência e chegou a suspender o atendimento em 2016.
Saúde é prioridade para o brasileiro
Uma pesquisa realizada pelo IDIS mostra que, entre a população que costuma doar dinheiro a entidades assistenciais e filantrópicas, as causas da infância e da saúde são as mais beneficiadas.
Entre as entidades filantrópicas apoiadas por famílias tradicionais ou empresas, no entanto, é a educação que aparece como a prioridade. “A pauta da saúde não está entre as mais beneficiadas pelas maiores entidades”, diz Paula.
A crise do coronavírus pode ser uma oportunidade para gerar mais conscientização sobre a necessidade de ajudar a rede de hospitais filantrópicos, afirma.